sábado, 30 de junho de 2018

Despedidas

Ontem Sofia me fez a seguinte pergunta:

- Mãe, quem sofre mais com despedidas? As crianças ou os adultos?

O questionamento foi feito logo após ela ter saído aos prantos do colégio. 

Apreensiva, enquanto não descobria o motivo, eu já estava esperando que ela me contasse que havia perdido algo que gosta muito. Realmente havia perdido, mas não era algo e sim alguém. Pela primeira vez ela sentiu a dor de "perder" um amigo. 

Seu colega de classe há 4 anos, o Lucas, está indo embora de São Paulo, para uma cidade próxima, e ontem foi a despedida da turma, dos professores, do time de futebol... Segundo a Sofia, todos os amigos choraram muito, ninguém teve vontade de comer na hora do lanche, a dor foi muito grande. Pelos olhos inchados, realmente ela deve ter chorado muito durante todo o dia.

Por uma triste coincidência, soube ontem que um amigo do Tomás também está se despedindo da turma neste mês. A mudança, nesse caso, será mais drástica, com um grau maior de dificuldade de marcar encontros futuros, pois a família está partindo para uma nova vida em Portugal.

Com esse cenário, vendo Sofia e Tomás cabisbaixos e tentando lidar com a dor, acabei me lembrando e compartilhando com eles duas situações parecidas que já vivi.

Quando eu tinha uns 16 anos, uma amigona minha, a Vanessa, foi embora com a família para Ribeirão Preto. Foi muito, muito difícil. Encontramos apoio para superar a dificuldade da separação trocando cartas (não havia e-mail e celular ainda... telefonemas interurbanos eram caros). Eram umas 2 ou 3 cartas por semana. Era uma alegria enorme olhar a caixa de correio e encontrar uma carta dela. A dor foi ficando cada vez menor.

Alguns anos antes, passei por uma situação bem mais difícil. Eu tinha 13 anos e precisei me despedir de TODOS os meus amigos de colégio. O Colégio Gávea, onde estudei desde de a 1ª série (atual 2º ano do Fundamental 1), estava encerrando suas atividades, o terreno havia sido vendido para a construção de um condomínio de prédios.

Voltando ao cenário atual... Sobre a pergunta da Sofia, tentei explicar para ela que cada um lida com esse tipo de situação de uma forma, mas normalmente as separações são difíceis, para adultos e crianças, para pais e filhos, mas vamos aprendendo a lidar e superar com o tempo. Tentei mostrar para eles que a nossa dor nesses momentos parece a pior do mundo, mas tentar colocar-se no lugar de quem está partindo pode nos fazer perceber que há alguém sofrendo muito mais. 

Desde que Sofia me contou que o amigo estava indo embora de SP, há pouco mais de uma semana, imaginei como devia estar sendo difícil para ele e para a família, fui pensando junto com ela em como a turma de amigos poderia ajudar a amenizar o clima de tristeza da despedida, em como poderiam dar carinho para tentar fortalecer o amigo e ajudá-lo a partir mais feliz. Decidimos comprar uma cartão gigante para que todos os amigos pudessem ter espaço para escrever uma mensagem para o Lucas. No colégio, eles organizaram um piquenique surpresa, onde aproveitaram para fazer a entrega do cartão. Foi uma troca de carinho linda.

Eu me emocionei muito com a união das crianças, com a troca de carinho. E ainda mais ao receber mensagem da Cora, mãe do Lucas, agradecendo muito e contando em como ele havia ficado feliz, em como havia sido especial esse acolhimento dos amigos.

Como disse à Cora, não há nada, nada mesmo a agradecer. Essa troca de carinho, de amor é muito especial, verdadeira e espontânea.  É uma TROCA. E é o que faz a vida fazer sentido. 

Turminha com o cartão "amizade é tudo de bom".

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Você já viu uma tv por dentro?! Eu já!!!

Sabem a televisão da postagem anterior?! Então, mesmo após ter me deixado na mão no segundo tempo da final da Copa onde o Brasil foi Penta Campeão, não guardei mágoas, dei uma segunda chance para ela. Levei para o conserto e vivemos juntas por mais alguns meses.

Como já contei anteriormente, eu morava sozinha nessa época. Quer dizer, nem tão sozinha... era eu, Chico e Nina, meu gatos.

Nina está comigo até hoje. Guerreira, minha companheira durante os últimos 19 anos.
Chico ficou doente e morreu há 6 anos infelizmente. Ele era um gato lindo, que suspirava quando ficava no colo (eu amava isso...), branco com manchas cinza, de olhos azuis, meigo, tranquilo e bem gorducho.

Voltando à tv... Ela era pesada, bem pesada, uma tv "tubo", que, quem nasceu após 2000, talvez nunca tenha visto. Por conta do peso e da dificuldade de virá-la para assistir, conforme a posição que eu estivesse na sala, minha mãe me deu uma base rotatória super prática. Em cima da base, o problema do peso estava resolvido, não precisava mais arrastar a tv de um lado para outro, bastava um toque e ela virava. Porém, percebi, futuramente, que uma tv bem fixa no lugar é mais adequada para quem tem gatos.

Gatos amam lugares quentinhos e a tv de tubo era um aquecedor perfeito. Chico gostava de dormir em cima dela (também gostava de tomar sol dentro do tanque de lavar roupa, ele era muito engraçado!). Acontece que, em um dos seus cochilos, deve ter acordado com muita vontade de fazer xixi ou muita fome, saiu num impulso tão forte de cima da tv, que ela bambeou na base giratória e voou diretamente para o chão.

Sorte que gatos são excelentes em reflexo. A tv caiu para um lado e Chico pulou para o outro.

E aquela tv, boicotadora de Copa, teve seu fim oficialmente decretado. Nem cogitei conserto.. Partiu ao meio. Literalmente! O motor ficou pra um lado e a tela para outro. 

E assim meu gato tão lindo e pacato destruiu uma tv... aproveitei e me desfiz, não do gato (!!!), mas da base giratória, para evitar emoções futuras. 



Chico, o destruidor de tvs

quarta-feira, 27 de junho de 2018

E se a tv explodir no lance final?

Nunca fui uma pessoa super empolgada com futebol. Nunca tive um time de coração. Quer dizer, nunca, até as crianças nascerem... Fui me deixando envolver pela paixão (alimentada pelo meu marido) da Sofia e do Tomás pelo Corinthians. Após uma ida ao estádio, já contada por aqui *, o timão me ganhou de vez.  Agora até assisto um ou outro jogo pela TV, já que idas ao estádio ficam, infelizmente (infelizmente mesmo! eu adorei!!!), um pouco pesadas para o orçamento familiar.

Acho divertido o clima de Copa do Mundo, gosto de acompanhar os resultados, assisto um pouco dos jogos (dificilmente um inteiro) e a festa em dia de jogos do Brasil às vezes me anima. Às vezes...

Em 2002, a Copa do Mundo foi no Japão e Coreia do Sul. Aquele T-E-R-R-O-R de jogos acontecendo de madrugada. Como na época eu morava sozinha, na Vila Madalena, digamos que não havia outra opção a não ser ficar acordada assistindo aos jogos do Brasil. Consegui me manter acordada em quase todos... 

A final foi Brasil e Alemanha, num horário "super bacana", 4h da madrugada. Me convenceram a ir numa festa e assistir com os amigos. Lembro da turma ultra animada, numa casa grande, super bacana em Alto de Pinheiros. Fiz aquele esforço pra me manter acordada até o início do jogo, assisti o primeiro tempo "pescando" e, não teve jeito, pedi arrego no intervalo. Não sei se alguém percebeu, porque a euforia era grande, mas me despedi discretamente e fui "assistir" o segundo tempo do jogo em casa.

Cheguei lá caindo de sono, mas pensei "poxa, é final de Copa do Mundo, Brasil x Alemanha, preciso assistir, não vou dormir". Lavei o rosto, respirei fundo, sentei no sofá, apertei o botão do controle remoto da TV e... PUUUFFFF!!!! Um barulhão, seguido de uma fumacinha. A tv "explodiu". Não me lembro o que queimou, o que aconteceu, mas o fato foi que a tv pifou no segundo tempo da final. Não havia opção de emergência, que existe hoje em dia, de assistir pela internet, pelo celular... era a época da conexão discada, do celular só pra fazer e receber ligações.

Enfim, acreditem ou não, mas eu não ouvi os gritos histéricos do Galvão: "É penta!!! É penta!!!! É penta!!!!"

Só tive a certeza de que o Brasil havia ganhado a Copa, porque, é claro, não consegui dormir mesmo! Os fogos e a festa pelo bairro viraram a madrugada, a manhã, a tarde, a noite.

Essa sou eu na Copa do Mundo.









segunda-feira, 25 de junho de 2018

Um triste retrato do Brasil

Ontem, 24/06/2018, domingo, acordamos cedinho e nos deslocamos da zona oeste de SP até São Bernardo do Campo para prestigiarmos o Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística (um campeonato importante, com todos os principais atletas brasileiros). Chegando lá, tive a ingrata surpresa de notar que, o mesmo que ocorreu em um campeonato menor, e com atletas iniciantes, o Troféu São Paulo de Ginástica Artística, do dia 16/06/2018, em Guarulhos, estava se repetindo... 

Pra começar: assim como em Guarulhos, não havia qualquer funcionário na área externa do ginásio orientando os motoristas sobre vagas. O estacionamento do ginásio de SBC é grande, muito bom, mas havia apenas 1/4 dele aberto. A outra parte estava fechada com correntes e alguns motoristas estacionaram passando por cima da calçada... Não achei boa ideia subir na calçada e estacionar num espaço isolado por correntes, então tive que me submeter a um guardador de carros que estava orientando as pessoas a pararem numa área "inventada" por ele como estacionamento. O que me chocou ainda mais foi ver um atleta olímpico, o Arthur Nory, estacionando o carro ao meu lado, nas mesmas condições.

Segundo: em todos os campeonatos que fui até hoje, a pontualidade sempre aconteceu e me surpreendeu positivamente. Ontem fiquei preocupada, pois, consegui chegar lá 9:00 (o horário de início era 8:30) e o ônibus com os juízes da competição estava estacionando e toda a equipe estava descendo e entrando no ginásio com 30 minutos de atraso.

Terceiro: mais um vez notei a total falta de investimento em segurança. Não havia ao menos um funcionário na área externa ou na entrada do ginásio. Na entrada, apenas funcionárias voluntárias (recebi posteriormente essa informação) da Caixa (patrocinadora) distribuindo camisetas. Só.

Quarto: mais uma vez, assim como em Guarulhos, o ginásio estava às escuras. Poucas luzes funcionando (mais tarde avisaram que havia ocorrido um problema sério na parte elétrica, um corte de cabos... que levou ao CANCELAMENTO da competição. Link ao final do texto).

Quinto: o investimento em profissionais habilitados para trabalharem em eventos como esse tem sido inexistente. Novamente observei que tudo acontece apenas porque há boa vontade de voluntários. A cantina de ontem funcionou por conta de mães de atletas. No momento de desmontar a estrutura, guardar cadeiras e materiais, escoteiros faziam o trabalho...

Sexto: No ginásio de SBC, os banheiros, embora simples, eram grandes e tinham papel. Embora ontem esse ponto estivesse ok, aproveito para registrar que no ginásio de Guarulhos havia apenas um banheiro (um quer dizer um mesmo, um sanitário) feminino e um masculino. Até aí o problema seria apenas a fila... mas havia algo mais dramático e desrespeitoso com atletas e público: no lugar de papel higiênico, no banheiro masculino, havia jornal!

Pra finalizar: foi muito triste, frustrante e revoltante ter estado presente ontem (e também no campeonato de Guarulhos). Se num campeonato brasileiro, com atletas da seleção, não há o mínimo de investimento, de estrutura, de respeito, há como ter esperança num futuro promissor para o esporte brasileiro? Como continuar acreditando e apoiando minha filha a se dedicar a uma modalidade que exige tanto e oferece tão pouco aos atletas? Não tenho respostas, até mesmo porque ainda estou tentando entender como isso tudo pode estar acontecendo sem que nada esteja sendo noticiado, debatido. Tanta gente envolvida e calada? Infelizmente, o mundo da ginástica, que tanto amo (e por isso ainda apoio o amor que minha filha tem alimentado também) está mostrando ser apenas o triste reflexo do Brasil, com toda sua politicagem, corrupção, desorganização e descaso com as pessoas.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Dono da banca


Tomás ama bancas de revistas e livrarias. Tudo  o que há nelas interessa pra ele. Revista, livros, álbuns, figurinhas, cards, brinquedos... É o paraíso.

Quer convencê-lo a fazer um programa a pé? Diga que tem uma banca no caminho e que ele poderá entrar pra olhar. Ele topará imediatamente.

Bem pertinho de onde moramos há uma banca de revistas que foi fechada há alguns meses. Tomás ficou na maior tristeza, inconformado. Embora haja algumas outras nas ruas vizinhas, o fechamento de uma banca, para ele, é lamentável. Toda vez que passamos em frente ele dá uma olhada para ver se foi reaberta.

Ontem, mais uma vez, ele olhou e comentou:

- Nossa, mãe, ninguém comprou a banca ainda...
- Que pena, né, Tomás?!
- É... Quanto será que custa? Eu queria comprar?

OBS: Que fique claro, para ele, ser  dono de uma banca significa usufruir de tudo o que tem dentro dela, vender jamais. Tão bom ser criança...



quinta-feira, 14 de junho de 2018

No clima junino

Apesar de odiar o frio, eu adoro o mês de junho por causa das festas juninas. A decoração, as músicas, as comidas, as brincadeiras, encontrar os amigos, enfim, eu realmente me divirto. Não tenho certeza, mas tenho a impressão, vendo fotos antigas, que sempre gostei dessas festas.

Sofia gosta muito também. Adora se produzir, fazer "maria chiquinha" no cabelo, pintinhas no rosto, ela entra no clima junino mesmo.

Já o Tomás...

Em 2012, quando ele tinha 2 anos, foi a primeira vez que comprei um figurino junino para que ele usasse. Mesmo torcendo o nariz, ele aceitou colocar um macacão jeans com camisa xadrez por baixo. Mas fiz a besteira de tentar completar o visual com um bigodinho feito com lápis preto de maquiagem... 

Pensem num drama!!! A criança jogada no chão, esperneando, mil lágrimas escorrendo e gritando:

- Eu não quero ir assim, estou feio!!!!

Tentei acalmá-lo, limpei um pouco, mas não saiu completamente. Ficou um borrão, que combinou bem com a cara de choro... Vejam foto abaixo.

Claro que, depois dessa experiência, para não criar traumas nem estragar o programa, nunca mais me atrevi a pintar o rosto do Tomás. Já a camisa, tornou-se um problema. Todo ano, quando chega o comunicado do colégio sobre o figurino da dança, começa o drama. Tomás diz que não quer dançar, não quer usar camisa. São algumas semanas de negociação, com desfecho positivo algumas vezes.

Neste ano, não foi diferente. O comunicado chegou e Tomás foi direto:

- Eu não quero dançar.

Não adianta perguntar o porquê, não adianta tentar negociar. Fui à escola, conversei com a professora, expliquei o problema. Ela me garantiu que conversaria com ele e tentaria fazê-lo mudar de opinião.

Uma semana depois, numa volta para casa, batendo papo no carro, Tomás disse:

- Mãe, sabe com quem eu vou dançar?!!! Com a Duda!!!! - contou ele, super feliz.

Dançar?!!! Ouvi bem?!!! Tentei controlar a felicidade e lidar com a informação como se fosse algo normal. Apenas falei "que legal, Tomás!". Mas a vontade era de gritar "uhuuuu! A Marina (professora) conseguiu!".

Aliviada e confiante, no dia seguinte comprei a camisa xadrez pedida para a dança e fui mostrá-la para ele.

- Olha, Tomás, comprei uma camisa para você usar na festa junina. Você gostou?
- Mas tem que usar camisa?!!!! - disse ele, abaixando a cabeça.

Sábado é a festa, gente. Vamos começar a rezar.



Foto pós-chororô por causa do bigodinho

Festa junina sem fantasia no ano seguinte



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Bom senso

A adolescência é um período turbulento, é fato. Atualmente, para aumentar um pouco o grau de dificuldade nas relações familiares, definem como pré-adolescente as crianças entre 9 e 13 anos. Pois é, a infância está cada vez mais curta, agora há a pré-adolescência no meio do caminho. Lá em casa, mais do que saudades das bonecas e outros brinquedos, tenho sentido falta dos diálogos e reações mais infantis que eu estava acostumada. Sofia está quase com 10 anos e a pré-adolescência já a acompanha há alguns meses.

Além das oscilações de humor e explosões de raiva (tem sido frequente ouvir "nossa, você é muito chata!", "nossa, você só me julga!" e "você não me entende!", com direito a lágrimas e isolamento no quarto), os interesses mudam muito.

Se na minha adolescência (ou pré-adolescência... não sei, mas tenho a impressão de que fui direto para a adolescência, porque brinquei de boneca até uns 13 anos) eu gostava de ler Revista Capricho, hoje em dia, pelo menos lá em casa, as revistas saíram de moda. Sofia gosta de livros, adora o setor teen da livraria, onde há dezenas de biografias (!!!!) de atores e youtubers menores de 18 anos. Entre as opções de leitura, há também aqueles livros no estilo auto-ajuda.

Semana passada, Sofia estava na livraria folheando um desses livros. O nome era "Perguntas e Respostas - Larissa Manoela". Para os leigos, Larissa Manoela tem 17 anos, é atriz, cantora, dubladora, escritora e musa inspiradora de muitas meninas. Sofia é uma dessas fãs.

Bom, voltando ao livro... Sofia, interessada, tentou me convencer a comprá-lo (ela e o Tomás já perceberam que eu tenho uma dificuldade em dizer não quando o objeto de desejo é um livro).

- Mãe, olha que legal, é o novo livro da Larissa Manoela!!!!
- Bacana, Sossô. Sobre o que é?
- Sobre perguntas e respostas.

Huumm... pareceu profundo. Mas não querendo ser chata e já julgar negativamente o livro, pedi para dar uma olhada. Cada página tinha uma pergunta, a resposta breve da Larissa e 80% do espaço em branco, com linhas, para que a criança escreva a sua resposta.

- Gostou, mãe? Está baratinho!!! - Sofia comentou, na expectativa que eu topasse a compra.
- Sofia, mas não tem nada escrito!
- Claro que tem! Olha só! - disse ela mostrando as páginas.
- Três linhas escritas e o resto em branco pra você escrever?! Melhor comprar um caderno de uma vez... você não acha?

Ela deu risada, guardou o livro e não tocou mais no assunto.

Posso correr o risco de parecer chata ou crítica demais na visão deles, de ouvir a frase "você é muito chata", mas se tem uma coisa que me esforço para que Sofia e Tomás tenham é BOM SENSO.  


OBS: Os outros dois livros da Larissa Manoela, com mais páginas escritas, eu comprei há algum tempo e Sofia leu, feliz da vida. E assim vamos caminhando até essa fase ser superada...
O "livro"

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Tendências da moda com a Sofia

Quem conhece bem a Sofia, sabe que, desde pequena, ela é muito vaidosa e cheia de personalidade na forma de se vestir. O básico não é a cara dela definitivamente.

Hoje em dia ela anda super envolvida no mundo da ginástica artística, treinando pra valer e, claro, sempre extremamente atenta às tendências da moda relacionadas aos uniformes das ginastas. 

Há algumas semanas, chegou o uniforme novo dela, que precisará ser usado sempre que for representar o clube em competições. Digamos que ela teve muitas ressalvas às combinações de cores escolhidas, aos tecidos, ao fecho do collant (que é ruim mesmo), enfim, acredito que ela mudaria tudo... O collant, segundo ela, é muito verde (por motivos óbvios... é a cor do clube), mas tem um ponto muito positivo, o brilho! Muito brilho! Pra Sofia, quanto mais glitter melhor, então o collant, na média final, foi aprovado. Bom, mas então, por cima do collant, tem uma camiseta... que ela odiou... 

- Verde neon!!!! Não combina nada com o collant! Affff...

Depois, para finalizar o uniforme, vem o agasalho. Calça e casaco que, segundo ela...

- Tem uma cor horrível!!! Um verde cocô de vaca!!!! Nada a ver... ficou um Carnaval, nada combina com nada.

Bom, mas, críticas à parte, quando ela está toda "montada" de ginasta, é só orgulho, nem lembra da sua insatisfação com a combinação de tons. Segundo ela:

- Nossa, me sinto uma Flavia Saraiva!!!


***

Ontem a minha pequena personal stylist me deu umas dicas ótimas. 

Eu fui usar uma jaqueta de couro preta, que estava guardada desde o inverno passado. Para minha tristeza, notei que o couro (sintético) ressecou e começou a esfarelar em algumas partes da jaqueta. Fiquei lamentando sozinha, Sofia ouviu e veio com seus comentários:

- Mãe, relaxa, você pode vender no "Enjoei". Você pode descrever assim: jaqueta de couro preta, super tendência, estilo "destroyed", com forro onçado!

OBS: o forro preto da jaqueta tem um desenho "onçado", como descreveu a Sofia. Existe tigrado, né? Então existe onçado! Essa é a Sofia.




quarta-feira, 6 de junho de 2018

O Cordel Estradeiro voltou

Como já comentei em texto anterior, minha vida é toda musicada. Nos anos 2000, sem dúvida, minha trilha sonora frequente foi "Cordel do Fogo Encantado". Na época, não fui atrás da história da banda, das suas origens, das suas referências. Apenas me apaixonei. Desde o primeiro show, na Choperia do Sesc Pompéia, aquele grupo, com nome curioso, com interpretação enérgica e totalmente teatral, com poesias alternadas às músicas, me ganhou pra sempre. Já adianto que só entende totalmente o que é o show do Cordel quem já vivenciou. A apresentação desses meninos (meninos sempre, porque a energia deles não corresponde à idade definitivamente) é um acontecimento, uma explosão de alegria, de poesia e de força. Eles ficaram 8 anos distantes dos palcos e agora, para a alegria de quem é fã, como eu, e para sorte de quem ainda pode ir atrás de conhecê-los, voltaram. Voltaram com cd novo e com turnê pelo Brasil.

Em entrevista à Roberta Martinelli, na Rádio Eldorado, dias antes dos 3 shows de SP, Lira, o vocalista do Cordel, contou que a grande motivação para o resgate da banda foi a morte de Naná Vasconcelos. Naná foi como um padrinho da banda, acompanhou-os por anos, foi produtor do primeiro cd (de 2001) e sempre foi (e é) uma forte referência musical para o Cordel. Na entrevista, Lira disse que, no encontro dos músicos no velório de Naná, surgiu a decisão, a necessidade de resgate da banda, de sua história e de produzir um novo trabalho, uma homenagem. A homenagem aconteceu. E que homenagem! Um novo trabalho lindo, enérgico, alegre. Aliás, alegria foi o que mais vi no momento do show, tanto nos fãs (que, como sempre, lotaram totalmente o espaço do Sesc nos 3 dias de shows) quanto nos integrantes da banda, que deixavam explícita a emoção da volta.

O auge da banda aconteceu numa época em que, acredito, as pessoas se entregavam mais ao momento do show, não o desperdiçavam, sem perceber, como acontece atualmente. Hoje os celulares marcam presença (e atrapalham a visão e concentração de quem está atrás) para dar a ilusão de que se está aproveitando, registrando tudo para ver depois ou pra mostrar nas redes sociais, mas na verdade estão roubando algo tão especial, que só acontece ali, ao vivo... a troca de energia, a entrega, sem interferências externas. No show do Cordel desse último domingo fiquei positivamente surpresa, notei que havia menos celulares do que a média usual em shows. Ali você tem que escolher... ou pula ao ritmo da percussão contagiante ou fica parado gravando. A maioria optou pela primeira opção. Cordel tem esse poder. 

Eu tenho o DVD, de um registro feito pela MTV em 2003 na Casa das Caldeiras. Sabem quantas vezes assisti? Uma, duas no máximo. Eu estava lá no dia da filmagem (obrigada, César, meu amigo querido, pelos ingressos!) e o ao vivo é insuperável. Até a volta da banda, se me dava vontade de matar as saudades, eu recorria aos cds, que me bastavam para trazer todas as memórias de volta. Costumo ouvir no carro e num dia desses percebi que Sofia e Tomás, no banco de trás, estavam fazendo comentários cochichados, dando risadinhas, entre eles sobre as músicas do Cordel que eu cantava empolgadamente.


"Ê nunca mais eu vi 
Os oím do meu amor 
Nunca mais eu vi 
Os oím dela brilhar"  (trecho de Os oim do meu amor)


"Meu moxotó coroado
De xiquexique facheiro
Onde a cascavel cochila
Na boca do cangaceiro" (trecho de Cordel Estradeiro)


- Por que vocês estão rindo? - perguntei
- Mãe, ele fala tudo errado. A gente não está entendendo nada!!! - Sofia respondeu

Em vão, tentei explicar, mas eles já estavam se divertindo mais em não entender nada, não deram a menor atenção... Resumindo o que tentei dizer para eles: 

"Prazer, crianças, isso é 'pernambuquês', isso é Cordel. Não tentem entender, apenas ouçam e, de preferência, ao vivo!" 



terça-feira, 5 de junho de 2018

Verbo "ruivar"


Há coisas que não mudam. Os anos passam, Sofia cresce, mas sua livre interpretação de palavras continua firme e forte.

Nos primeiros anos do blog, acredito que 90% das histórias foram baseadas em frases ou palavras divertidas que a Sofia falou. Ou seja, há quase 10 anos, ela nos diverte com seu vocabulário único e criativo.

Uns dias atrás estávamos na cozinha preparando um bolo e batendo papo. Se tem algo que Sofia ama é bater papo, puxa assunto sobre tudo. No meio da conversa, nossa gata, Nina, parou no pé da Sofia e deu um miado alto. Outro miado. Sofia comentou, bufando com a gata que estava atrapalhando nossa conversa:

- Nossa, agora essa gata só fica RUIVANDO!!!

Nina nem deu bola para a bronca, continuou "ruivando" e, aliás, hoje em dia, é o que ela mais faz. Temos uma gata idosa bastante barulhenta..