segunda-feira, 20 de maio de 2019

É verdade esse bilete


No ano passado um bilhete na agenda ficou famoso após ser compartilhado nas redes sociais. Um menino de 5 anos, do interior de São Paulo, tentou enganar a mãe com um bilhete falso, onde fingia ser sua professora informando que não haveria aula, afirmando, ao final, "é verdade esse bilete".



Hoje, abrindo a agenda do Tomás para checar se havia recado ou informação de lição de casa me lembrei dessa história...

Em pouco menos de 1 mês haverá festa junina no colégio. As danças já estão sendo ensaiadas, os pares começaram a ser definidos. Foi enviado um informativo na semana passada com horários das danças, figurinos juninos e, ao final, um papel para ser preenchido e encaminhado confirmando a participação do aluno na apresentação da turma. Preenchi e coloquei na agenda. 

No fim de semana, estávamos passeando e Sofia me contava sobre seus ensaios, bastante animada. Tomás interrompeu a conversa e falou:

- Eu não vou dançar na festa junina!
- Como assim Tomás? Por que? Eu preenchi o papel ontem confirmando que você participaria a e ia mandar na segunda-feira para sua professora.
- Eu não falei que ia dançar! Eu não vou dançar!
- OK... Vou escrever na agenda explicando e perguntando se há algum problema, me lembre quando chegarmos em casa.

Claro que ele esqueceu... e, mais óbvio ainda, eu também.

Não é de hoje que ele reluta toda vez que há qualquer tipo de apresentação de dança ou música. Sempre diz que não vai, mas acaba cedendo após conversas com as professoras (exceto uma vez que entrou para dançar, mas não saiu do lugar, enfurecido, durante toda a dança).

Hoje, na volta do colégio, Tomás retomou o assunto ainda no carro:

- Mãe, já avisei a Zezé (professora)! Não vou participar da dança da festa junina.
- Ah é?! Ela falou que tudo bem? Você explicou que eu havia preenchido o papel da confirmação e esqueci de tirar da agenda?
- Sim.

Sim e ponto final. Simples assim. Assunto resolvido.

Então, chegando em casa, fui olhar a agenda para verificar o que ele precisava fazer de lição de casa. Me deparei com um "bilete":



É verdade esse bilete?!


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Amor em forma de flor


O tema liberdade tem sido recorrente aqui em casa.

Sofia, com quase 11 anos, já mostra sinais da pré-adolescência. Pré-adolescência, claro, é sinônimo de busca por liberdade, ou melhor, de exigência imediata por liberdade. Ela vai tentando, aos poucos, conquistar seu espaço. Já fica sozinha no clube, tem seu armário no vestiário para tomar banho após os treinos de ginástica, fica sozinha em casa (por períodos curtos) e, há poucas semanas, ela conseguiu me convencer a liberá-la para uma tarde no shopping com os amigos... e por aí vai... 

Tomás, dois anos mais novo, vai conquistando seu espaço "na cola" da irmã. Exigiu que tivesse a mesma chance dela de ficar sozinho à tarde no clube e também em casa algumas vezes. Tivemos conversas sobre como confiança e liberdade são conquistados dia a dia, então ele precisava aprender a se cuidar de verdade e a respeitar os combinados. Tem dado tudo certo.

Eu estava me sentindo uma mãe super evoluída, encarando sem neuroses esses primeiros passos dos meus filhos para o mundo adulto e independente. Então me dei conta, através de uma história incrível, de como um clube ou um shopping não são nada, nada mesmo, quando ainda há o mundo todo para um filho querer e poder se "jogar" sozinho.

Há alguns anos uma amiga me contou sobre um projeto voluntário que amigas dela, mãe e filha, estavam trabalhando. Na época, Kety e sua filha Gabi (se não me engano, tinha 15 anos) pediam meias, novas ou usadas, para serem levadas e doadas para refugiados na Grécia. Fizemos a doação, que se juntou aos 2 mil pares arrecadados junto com doações em dinheiro, usados para acolher e atender as primeiras necessidades dos refugiados na chegada às cidades.

Os anos passaram e nesta semana voltei a ouvir falar dessas duas mulheres incríveis. 

Para poder manter o projeto da filha, que optou por levar a diante seu trabalho com os refugiados e permanecer na Europa, Kety criou o "Flores para refugiados". Com contribuições quinzenais ou mensais,  as flores chegam às casas em arranjos, tamanho M ou G, lindos, caprichados, cheios de amor e delicadeza. 

Hoje eu tive a alegria de conhecer a Kety e receber meu primeiro vaso de flores. Fiquei muito feliz e emocionada por ter algo tão lindo, em todos os sentidos, dentro da minha casa. Elogiei muito e Kety me mandou uma mensagem em resposta:

"Eu me esforço muito para fazer um arranjo tão bonito quanto o trabalho da minha filha... que bom que você está com a gente agora. Que essa nossa jornada juntas seja muito florida."

Hoje eu recebi amor em forma de flor.

Kety e Gabi, o mundo seria muito melhor com mais pessoas como vocês.

Vocês podem encontrar o projeto no Facebook e Instagram: Flores para refugiados.