sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Almas gêmeas?

Na minha infância morei, por us 6 anos, com minha mãe e meu irmão, na casa da minha avó materna, Maria Emília.

Como já contei bastante por aqui, ela era uma pessoa encantadora, apaixonante, cheia de peculiaridades. Já fiz uma postagem falando sobre seus hábitos e gostos, mas me esqueci de algo bem marcante para quem dividia a casa com ela ... sua coleção de bibelôs. A cada passeio, cada viagem, quando encontrava uma peça nova que gostasse, comprava e espalhava pela casa toda. Entre dezenas de bonequinhos, estavam alguns passarinhos, gatos e vários cachorros.

Por que lembrei disso? Porque me dei conta de que Tomás identificaria-se totalmente com a minha avó e certamente ficaria maluco com a casa dela. 

Faz tempo que ele adora coleções de bonequinhos e agora tem deixado claro que acha os bibelôs da época da minha avó super atuais e fofos.

Passamos por uma feirinha de artesanato nesta semana e ele parou em frente a uma barraquinha, viu um bibelô de um filhote de basset (curiosamente, um dos cachorros favoritos da minha avó), pegou, abraçou, ficou maluco com o bichinho. Me pediu, praticamente implorou, pra usar a semanada e "investir" no cachorrinho. Eu fiquei na dúvida, olhei o bichinho, achei de gosto duvidoso. OK, nunca achei bibelôs a coisa mais linda do mundo... Porém, naquele momento, lembrei com carinho da minha avó e da alegria quase infantil que ela tinha em colecionar aqueles bichinhos. Olhei pro Tomás, naquela expectativa por um "sim" e,  de repente, aquele cachorro tornou-se até fofinho aos meus olhos. 

Liberei a compra.

Chegando em casa, achei que ele colocaria a aquisição em seu quarto. Estava enganada. Escolheu um lugar na prateleira da sala. Olhei, respirei fundo e perguntei:

- Tomás, achei que você ia colocar no seu quarto. Por que você deixou o cachorrinho na sala?
- Ah, quero deixar ele aí...

Tá certo... somos uma família, cada um com suas preferências e com direitos iguais em darem seus toques pessoas na decoração. Embora ainda relutante com a presença dele ali, acho que o salsichinha na prateleira vai poder me trazer boas lembranças sempre que nos cruzarmos pela sala.


Só espero que, se a coleção crescer, ele prefira deixar no quarto...

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Caxumba


Sonhei que estava com caxumba e uma bochecha giganteeee. No auge do desespero, já pensando que eu poderia passar para a Sofia e o Tomás (nem no sonho mãe relaxa!), que seria aquele caos completo, o despertador tocou...

Eram 5:20 da manhã, muito frio, dia de rodízio, de correria... e, pra piorar, dia de dentista logo cedo... Confesso, esse sim, um dos meus maiores pesadelos, desde criança. Desculpe minhas queridas amigas dentistas, não é nada pessoal mesmo! São apenas traumas infantis não superados. Explico..

Com 8 anos eu era uma criança radical (embora digam o contrário!). Numa tarde de brincadeiras no prédio, resolvi apostar corrida de bicicleta com amigos. Até aí, tudo ok. Porém, a largada da corrida era na rampa da garagem!!! Pois é, vejam que eu sou do tempo em que deixavam crianças brincarem em qualquer lugar do prédio, nas escadas de incêndio, no jardim e até na garagem. A gente também andava tranquilamente sem cinto de segurança nos carros ou íamos no "chiqueirinho", nome divertido para porta-malas aberto. Concluo que sou de uma geração de sobreviventes.

Voltando à rampa da garagem, eu resolvi pedalar o mais rápido possível para tentar ganhar a corrida. Não ganhei. Perdi o equilíbrio, voei em direção a um carro estacionado, me ralei toda, quebrei o dente da frente, precisei fazer tratamento de canal, clareamento... O tratamento dentário foi uma novela, só sendo finalizado após 3 tentativas diferentes de dentistas, com o detalhe que fui expulsa do primeiro, porque mordi sua mão (ele é amigo da família até hoje, mas não sei se tem boas lembranças de mim).
Enfim, traumas à parte, o que importa é que hoje acordei aliviada, embora tivesse uma consulta agendada bem cedinho. Olhar no espelho e notar que a bochecha de caxumba ficou só no pesadelo tornou a ida ao dentista o menor dos meus problemas.

Valeu, pesadelo, você facilitou a minha vida e a do dentista no dia de hoje!
Ah! hoje não mordi ninguém!



segunda-feira, 6 de agosto de 2018

10 anos

Em 10 anos tanta coisa pode acontecer. Por aqui, aconteceu.

O dia previsto para tudo começar era cheio de simbolismos. Seria 08/08/2008. Dia da abertura das Olimpíadas na China, que, para completar a superstição, foi às 8:08. Centenas de partos cesáreas agendados para essa data. 

Porém, ela veio pra deixar claro, desde o primeiro dia, que é uma garota de personalidade. Não espere da Sofia o previsível, ela é ousada.

Ela chegou no dia 06/08/2008, às 3:01, de parto normal, surpreendendo a todos com seu cabelo vermelho e pele branquinha (eu e o Giva somos morenos. Meu pai é ruivo, mas nunca imaginei que ela nasceria assim).

Acho que Sofia não quis chegar em dia de festa, de abertura de Olimpíadas. Parece que queria, e quer até hoje, já estar pronta, produzida para participar da festa (e ser a última a ir embora se possível). 

Desde os primeiros dias de vida, ela me colocou em teste. Eu, sempre com mania de organização, não apenas da casa, mas da agenda, da rotina, descobri que precisava me reinventar, relaxar. Aprendi e aceitei que a nova rotina era não ter exatamente uma rotina. Eu não tinha certeza de que horas iria comer, tomar banho, conseguir sair de casa, nem sempre chegava pontualmente aos compromissos. Aos poucos tudo foi se acalmando, com muitas adaptações, com mais tarefas, mas, novamente, com a vida organizada. Claro, organizada sempre que possível... porque aprendi que ser mãe é mudar os planos com frequência, por diversos motivos... bons ou ruins... doenças, consultas médicas, convites de festas infantis, eventos na escola...Incrivelmente, aprender a conviver com o imprevisível fortalece, dá mais paz.

Quando Sofia completou 1 ano tive a certeza de que nossa família precisava crescer, de que aquela criança maravilhosa, que trouxe tanto amor e alegria, tanto aprendizado e evolução, merecia ter um irmão (eu tinha certeza de que seria um menino). 

Mesmo após uma conversa com o Giva, durante a qual concordamos ser mais sensato (financeiramente) não ter mais filhos, eu, no dia seguinte, cancelei a decisão, não conseguia enxergar a Sofia sendo filha única. 

Com a coragem que a Sofia me estimulou a ter e com a certeza de que não há nada melhor do que ter filhos, encarei a segunda gestação, bem menos tranquila (não tinha tempo de me cuidar como na primeira vez, de dormir quando precisava), mas bem mais rápida (o tempo voa quando se tem uma criança pra cuidar) e descomplicada. Tomás chegou no dia 20/09/2010, de parto normal, não veio ruivo, mas compensou com covinhas nas bochechas.

Não poderia ter tomado decisão melhor do que ter 2 filhos. Sim, eles brigam,  eles sentem ciúmes de mim, eles me enlouquecem quando resolvem entrar numa discussão sem fim. Mas eles se respeitam, cuidam um do outro, se amam, se divertem juntos e sentem falta um do outro quando estão separados.

Muita coisa aconteceu desde 2008. Grande parte foi registrada no blog, outra parte está só nas nossas lembranças mesmo. Às vezes é difícil acreditar que 10 anos já se passaram, mas, ao observar a Sofia, ficar ao lado dela e notar que já está quase da minha altura, ouvi-la falando com desenvoltura e maturidade, perceber o quanto já está independente e segura, acabo tendo certeza... sim, é verdade, 10 anos realmente se passaram.

Desejo que ela continue crescendo linda, alegre, divertida, criativa, saudável, que tenha amizades verdadeiras e duradouras, que dê e receba sempre muito amor, que faça muitas descobertas, que continue sendo generosa, carinhosa, sincera, companheira e que eu tenha a sorte de estar ao seu lado e amá-la cada vez mais por muitas outras décadas.

Feliz aniversário, Sofia!!!!