sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Estávamos ao vivo


Quem me conhece bem sabe que falar em público nunca foi minha preferência desde criança. Eu travo, gaguejo, fico suada, o coração acelera. Às vezes até consigo falar, mas normalmente fujo, faço de tudo para me livrar da tarefa. Sempre preferi mil vezes me expressar por escrito,  onde organizo melhor as ideias, consigo falar o que quero, como quero e quando quero. Nos tempos de colégio sofria muito quando ouvia a palavra "apresentação", aquele terrível dia de apresentar trabalho, na frente da sala, com todo mundo olhando e julgando. Porém, ando notando que a idade tem me deixado menos tímida para algumas situações, tenho aprendido a sofrer menos. Bom, além disso, com Sofia e Tomás ao meu lado, muitas vezes sou quase obrigada a superar toda e qualquer timidez.

Não é de hoje que cito o Programa Som a Pino, da Radio Eldorado, por aqui. Acredito que deu para notar que gostamos muito e ouvimos realmente com frequência... Já mandei minha "música mais maravilhosa" através de uma gravação de áudio, já escrevi texto para um programa especial sobre memórias musicais, sempre mando comentários no chat do Facebook do programa e já participei de uma promoção de ingressos para o Festival Coala com uma mensagem de áudio.Com todo esse histórico de interação, fui deixando Sofia e Tomás animados com essa prática. Sofia e Tomás acham o máximo quando estamos no carro, ouvimos uma música e escrevo um comentário no chat que acaba sendo lido em seguida pela Roberta no ar. 

No Som a Pino há um dia da semana em que a Roberta Martinelli faz o "Telefone Aberto", com o programa todo feito por pedidos dos ouvintes. Claro, tudo ao vivo. É divertido ouvir as histórias, o bate papo e acompanhar a programação sendo feita de forma totalmente imprevisível. 

Já faz tempo que meus filhos pedem para ligarem e fazerem seus pedidos. Muitas crianças ligam e eles começaram a achar a ideia cada vez mais divertida. Pareciam super seguros com a decisão de bater um papo com a Roberta e falarem para ela o que gostariam de ouvir. Assim, já deixei algumas vezes que tentassem ligar enquanto eu dirigia para casa na volta da escola. Sempre dava ocupado. Fizeram muitas tentativas frustradas.

Hoje, na volta para casa, ouvindo Eldorado, veio o anúncio:

-  Hoje é dia de "telefone aberto"! - disse Roberta, convidando os ouvintes a participarem.

Sofia e Tomás aceitaram o convite. Me pediram o celular e começaram a ligar. Uma, duas, três tentativas... ocupado sempre. Sofia não desistiu. Ligou de novo mais algumas vezes e então ATENDERAM! Ela travou e passou imediatamente o celular para mim. Estacionei o carro e comecei a conversar com o produtor do programa:

- Alô. 
- Oi, tudo bem? Quem fala? - ele disse
- É a Aline, mas quem vai falar com a Roberta é minha filha, a Sofia.

Ao meu lado, desesperada ela balançava os braço com sinal de "NÃO, NÃO VOU FALAR".
Oi? Como assim? Cadê aquela coragem toda, aquela certeza, a desinibição da criança? Pega de surpresa, tive que continuar o papo sozinha:

- Bom, ela não vai falar, vou ser eu mesma então...
- Legal! E o que vocês querem ouvir?

Expliquei que uma briga rolava no carro, que não entravam em acordo sobre uma música a ser pedida. O produtor anotou as duas opções para deixar as músicas preparadas e me pediu para ficar na linha esperando.

Naqueles segundos de espera eu tive a certeza de que há coisas que só um filho pode fazer por você, ou melhor com você... te coloca ao vivo, na hora do almoço, numa rádio.. Sem dó, nem piedade!

Respirei fundo e só desejei conseguir falar e não passar vergonha. E então, depois de finalizado o papo ao vivo com a Roberta (quem quiser ouvir, vou deixar o link da gravação), desliguei e falei com a Sofia, aliviada:

- Acho que eu até consegui falar direito, né, Sofia?

Ela deu uma risadinha, falou um "ééé" pouco convincente e completou:

- Nossa, você até conseguiu falar, mas se você visse sua cara...Ficou o tempo todo  muito VERMELHA!

Voltamos para casa ouvindo as duas músicas pedidas, porque, já que não houve consenso sobre uma música, Roberta achou bacana tocar as duas escolhidas pelas crianças. 




Que Seja Doce


Eu e o Tomás adoramos assistir juntos (sempre que dá tempo na nossa rotina corrida) um programa do canal GNT, o "Que Seja Doce". Para quem não conhece, está no ar há alguns anos, é um programa diário bem divertido, onde três confeiteiros disputam o posto de "mais doce", fazendo receitas incríveis e lindas, encarando algumas provas e desafios, dentro do tema proposto em cada episódio. O programa tem a apresentação do chef Felipe Bronze e conta com três jurados especialistas em confeitaria, Lucas Corazza, Carole Crema e Roberto Strongoli.

Ontem estávamos, eu e Tomás, no shopping procurando um presente e, numa olhada para trás na escada rolante, vimos Lucas Corazza vindo em nossa direção. Tomás me olhou, abriu um sorriso e falou:

- A gente pode falar com ele, por favor?

Não tive como negar, esperamos o Lucas sair da escada rolante e fomos conversar com ele, que foi extremamente atencioso, bateu papo, muito simpático. Conquistou de vez o Tomás, que ficou na maior alegria pelo resto do dia. Depois da despedida, ele apenas lamentou:

- Poxa, a gente esqueceu de pedir uma foto...
- Não tem problema, Tomás. Já foi tão bacana encontrá-lo, conversar com ele, você não achou? Não precisa de foto, né?

Ele fez que sim com a cabeça, mas sua expressão dizia o contrário... queria sim a foto. Mesmo assim continuou animado e falando a respeito:

- Posso contar para a minha professora amanhã que eu conheci o Lucas?!
- Claro que sim, mas por que você quer contar para ela?
- Porque eu tenho certeza que ela assiste esse programa!
- É mesmo? Por que, Tomás?
- Ah, porque ela sempre fala, quando acaba alguma coisa gostosa, "ACABOU-SE O QUE ERA DOCE" (frase que o Felipe Bronze sempre fala quando o tempo de cada prova termina).


Pra quem não conhece, segue o link do programa: http://gnt.globo.com/programas/que-seja-doce/



Lucas Corazza

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Santa fada do dente


Sofia está com um dente mole há algum tempo e faz o maior drama toda vez que percebe que amoleceu mais ou que saiu um pouco de sangue.

No carro, a caminho do colégio, mexendo no dente, ela resmungou alto:

- Droga, está saindo sangue de novo do meu dente!
- Sofia, o que você vai pedir para a fadinha?- Tomás perguntou
- Ah, não sei, Tomás...

Ele começou a dar palpites sobre o que ela poderia pedir. Eu intervi, já tentando encerrar expectativas de presentes mirabolantes em troca de um simples dente:

- Que história é essa? No meu tempo a gente só deixava o dente pra fadinha e ela dava uma moedinha em troca.

Tomás argumentou:

- Ah, mãe, mas a fada do dente do Gael liberou uma fase do jogo no Ipad dele!

Ah, esses jogos pagos de app, que proibimos lá em casa, mas que Tomás não desiste de tentar nos convencer do contrário...

- Poderosa essa fada, hein?! Nunca ouvi falar de fada que libera jogo em app!

Os dois deram risada e pararam de especular sobre o que a fada poderia dar para a Sofia. Até porque o dente nem caiu ainda!

E ainda sobre a tão falada fada... 

Sabiam que ela pode ser acionada em situações que não envolvam dentes? 

Semana passada foi aniversário do Tomás, no mesmo dia de seu amigão, o Gael. Neste ano os dois tiveram a alegria de comemorarem duplamente juntos. Tiveram um bolo na escola (que já aconteceu em anos anteriores) e uma festinha de futebol no prédio do Gael no dia seguinte. Na véspera da festinha choveu muito, muito mesmo... e o clima de tensão estava no ar. Como fazer uma festa com 12 crianças na quadra de futebol com chuva? 

Eu fiquei acompanhando, tensa mas otimista, a previsão do tempo na internet. 
Na casa do Gael apelaram por rezar por ajuda. Bea (Beatrice), a irmãzinha dele, perguntou para a mãe, Tati, para quem ela podia rezar. Ela respondeu que ela podia escolher, que podia rezar para quem preferisse Adivinhem quem foi escolhida? Ela! A fada do dente. Segundo a Tati, as preces da Bea foram assim:

- Fada do dente, eu quero, por favor, que chova muito na festa e que tenha muita comida!
- Não, Bea!!! Não pode chover senão vai atrapalhar a festa... - Tati comentou
- Ah... mas é porque eu gosto de brincar na chuva... 

Lá foi ela de novo acionar a fada do dente, com pequenas correções no pedido:

- Fada do dente, eu quero que NÃO chova na festa e que tenha muita comida!!!!

E com muita comida e nada de chuva, a comemoração foi uma delícia! 
Obrigada fada do dente!!! Obrigada, Bea!




segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Procura-se vaga


Estacionar em São Paulo não é tarefa fácil. Dependendo do bairro, é quase impossível.

Ontem, tentando a sorte numa rua que costuma estar sempre lotada, avistei uma vaga e comemorei empolgada. Sofia, que adora a função de copilota, deu seu palpite:

- Ah, não vai caber, olha a garagem, mãe.

Eu não desisti, vi potencial naquele espaço, manobrei e estacionei. O carro coube na vaga.

Então meu segundo copiloto, Tomás, deu a opinião dele:

- Ixi, mas tem uma placa ali dizendo que não pode estacionar...

A placa estava na garagem ao lado, mas eles teimavam, com a visão que tinham de dentro do carro, em achar que eu estava atrapalhando a passagem. Então Tomás continuo lendo a placa:

- PROIBIDO PARA DIA E NOITE. Ah, mãe, então pode parar tranquila, porque agora é TARDE (eram 14:00).




OBS: Embora a minha vontade fosse escrever "co-piloto", pesquisei e vi que no novo acordo ortográfico ficou tudo junto... 

"A Base XVI do Novo Acordo Ortográfico estabelece que nas ”formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.”, havendo lugar a hífen apenas antes de h (co-herdeiro)."


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

O sonho da casa própria


Há 8 anos eu não imaginava que fosse possível ter mais amor dentro de mim. Minha vida e meu coração, até setembro de 2010 estavam preenchidos com uma família maravilhosa, um marido incrível, uma menina ruiva de 2 anos totalmente encantadora e meus dois gatos, Chico e Nina, que, desde 1999, foram meus companheiros em casa (Chico já se foi, abrindo vaga para nossa atual bebezona, a Onze, uma vira-lata canina fofa e divertida de 6 meses).

Porém, descobri que cabia muito mais amor ali onde parecia estar com lotação máxima... 

Na madrugada de 20 setembro, depois de travar completamente ao lado da cama, percebi que não estava passando por uma simples contração. Tomás dava sinais de que era o dia de se apresentar para a família. Entre o momento de ligar para minha mãe (*), às 3:00, pedindo socorro, e o parto terminar, foram 3 horas. 

* Minha mãe foi minha companheira de correria, de contrações violentas, foi quem acompanhou o parto, enquanto o Giva ficava com a Sofia em casa. Achamos que seria (e foi) melhor ele fazer companhia para ela enquanto eu ficava 2 dias na maternidade.

Na sala de parto, logo após o nascimento, o primeiro comentário veio de uma enfermeira:

- Que gracinha! Olha só, ele tem covinhas!!!

E assim Tomás chegou, rapidamente, arrebatando corações com seus furinhos nas bochechas (mostrados logo nos primeiros segundos de vida), com sua tranquilidade, sua alegria, deixando claro que amor nunca é demais, que há sempre mais espaço no coração, por mais que você pense o contrário.

Desde então, 8 anos se passaram!!! Tomás, hoje, é um menino alegre, carinhoso, divertido, adora ficar grudadinho (e cutucando... quando era menor ele gostava de ficar cutucando em baixo das unhas de quem ele tinha intimidade e dava bobeira com a mão ao seu lado. Um carinho um pouco estranho... e dolorido. Hoje em dia ele só aperta ou belisca de leve), ama ficar em casa, adora futebol (com os amigos, na televisão, no estádio, de qualquer forma), entrou de cabeça numa fase "Authentic Games" (ainda não entendi totalmente o que significa, mas descobrir que há um Youtuber que só fala sobre esse tema e é o ídolo da criançada), continua amando muito animais (afirma que será veterinário) e sua nova comida favorita é waffle com mel.

Sua preferência repentina por comer waffles rendeu um presente inusitado. O vovô Oscar deu para ele, avisando, antes do pacote ser aberto, que aquele seria um presente para a família toda. A alegria ao abrir o pacote foi a mesma de uma criança ganhando um brinquedo muito desejado, mas o presente em questão não era um brinquedo... era uma máquina para fazer waffles!

Chegando em casa, muito feliz, abraçando seu presente, ele comentou:

- Sabe, mãe, quando eu for grande, vou morar com 2 amigos.
- Oi?!!!

Como assim? A criança está fazendo 8 anos e já tem planos de sair de casa? Não estou preparada... Embora ache que pode ser algo genético, porque eu sempre desejei e me imaginei morando sozinha e, aos 21 anos, foi o que aconteceu...

Bom, mas voltando ao aniversariante, ele continuou me contando seus planos:

- Eu vou morar com o Léo e o Bruno.
- Que legal, Tomás...
- Ah, e vou levar MINHA máquina de waffle.

Fica então o recado para a família, deixando bem claro que ele discorda do comentário do vovô: a máquina de waffle NÃO é da família, tem dono e destino certo! Já é o primeiro eletrodoméstico da futura casa do Tomás com seus amigos. E viva o sonho da casa própria, viva a independência!





quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Aula de música

Não tem jeito, na correria do dia a dia, algo comum de acontecer é a repetição de uma pergunta, um conselho, um comentário, uma bronca. Uma mãe cansada, por exemplo, não pensa "ah, claro, já disse isso mil vezes". Simplesmente fala. Mas as crianças não perdoam: 

- Mãe, você já falou isso... - sempre com um tom de deboche e risadinhas sarcásticas.

Certo, estou pagando meu pecados, porque já fiz muito isso, já dei muita risada ou "bufei" muito com frases repetidas. Hoje em dia sou solidária às mães, avós, aos distraídos/cansados/sem memória recente. 

Ontem, saindo da escola, encontramos na calçada a professora de música. Sempre muito simpática, puxou papo comigo, conversou com as crianças e perguntou:

- Nossa, Sofia, eu não sabia! Ele é seu irmão? - referindo-se ao Tomás, que estava ao lado dela.

Sofia fez que sim e, em seguida lançou um olhar de cumplicidade ao irmão. A professora se afastou e os dois deram risada. 

- Por que vocês estão rindo? - perguntei
- Porque ela já perguntou isso várias vezes, mãe... - Sofia respondeu
- Ah, coitada, Sofia, ela esqueceu. É muita informação o tempo todo, muita criança na escola. Não tem problema.

Tomás então falou:

- Ah, então deve ser por isso!!!
- O que, Tomás?! - perguntei
- Ela esquece!!! E então TODA aula a gente tem que ensaiar a MESMA música...



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O dia em que apaixonei pelo Coala


Demorei 5 anos para descobrir o Festival Coala. A descoberta aconteceu ao ouvir uma entrevista na Rádio Eldorado com os curadores do festival, Marcus Preto e Gabriel Andrade, há alguns meses. Que bom que sou ouvinte assídua do Som a Pino, da Roberta Martinelli, porque, nesse dia, durante a entrevista, além da feliz descoberta, ganhei, na promoção surpresa que fizeram, um par de ingressos para os dois dia de festival.

Nesse último fim de semana, nos dias 1 e 2 de setembro,  a 5ª edição do Festival Coala aconteceu. Me senti extremamente privilegiada por ter estado lá. Privilegiada, porque posso me esforçar para tentar contar em detalhes tudo o que aconteceu, mas o que vivi ali nesses dois dias talvez não não seja possível transmitir em palavras.

Para quem comprou ingressos, uma grata surpresa, em tempos de eventos caríssimos: o Coala Festival oferece entrada solidária, isto é, a meia entrada é válida para todos, contanto que seja doado 1 KG de alimento não perecível. É possível comprar um passaporte para os 2 dias por um preço super justo e acessível.

Ingressos na mão, vamos lá! 

Ao entrar no festival, pela passagem subterrânea que dá acesso ao espaço aberto do Memorial da América Latina, um cenário contrastante com a cidade de SP se abre. O que se encontra ali é um lugar cheio de cores,  de leveza, de alegria, de liberdade, de pessoas de todas as idades e gêneros, de todos os estilos e, principalmente, cheias de estilo!!! A infraestrutura montada é moderna, criativa e funcional. Tudo bem dividido, organizado e sinalizado.

Logo na entrada há uma indicação à esquerda para a "Feirinha Jabuticaba" (um espaço para expositores) e "Praça de Alimentação". O espaço reservado para alimentação tem um clima de parque, com árvores (com, super bem-vindas e disputadas, sombras, já que tivemos 2 dias de 30º nesse inverno maluco de SP), mesas de madeiras e pufes, além de muito espaço na grama que, para os mais experientes das outras edições do festival, foram preenchidos com cangas onde as pessoas podiam descansar e comer num clima de piquenique.

Contando com patrocínio de empresas como Natura e Skol, havia estande de degustação de um lançamento de cerveja, distribuição de água gratuita para quem comprasse drinks e muitas promotoras da Natura circulando e oferecendo "maquiagem express" para aqueles que queriam entrar num clima mais colorido. 

Os preços não eram abusivos para comer ou beber e disponibilizaram opções variadas, de ótima qualidade e bem saborosas. Realmente era possível passar o dia (ou 2 dias!) por lá sem sofrimento e sem ir à falência.

Segundo Thiago Custódio, sócio e diretor de marketing do Coala, “O evento foi pensado para ser democrático e amplificar manifestações de música e arte. Tudo isso só acontece porque marcas que têm isso na sua essência acreditam no projeto, e o entenderam como uma oportunidade de se conectar com o público jovem e formador de opinião”.

Ah! E claro... além disso tudo, o principal: o festival tem, claro, shows, muitos shows!

O Coala é exclusivamente um espaço para a música nacional. Com estilos diversos. É possível assistir um show de rap baiano, com Baco Exu do Blues, e ter, logo em seguida, Gilberto Gil, feliz e cheio de energia (com direito a uma "sambadinha" durante "O Rio de Janeiro continua lindo"). Ou assistir o show com uma "pegada Los Hermanos" do carioca Rubel e depois cair no baile black de Mano Brown, com seu excelente Boogie Naipe. 

Preciso confessar... amei muito o show do Gil, me acabei de dançar com Mano Brown e gostei muito de tudo que ouvi por lá, mas... Quem de fato ganhou meu coração, me conquistou do primeiro ao último segundo de show foi Johnny Hooker. Seu show abriu o segundo dia do festival, muita gente não conseguiu chegar a tempo, mas eu corri, corri muito, porque algo me dizia que eu não podia perder nada esse show. Eu estava certa.  Foi mágico, entramos no Memorial e a contagem regressiva para Johnny Hooker começou no telão (ah! mais um detalhe: pontualidade britânica do começo ao fim no Coala!!!! Coisa rara e exemplar hoje em dia). O show começou com o refrão "Olha eu aqui de novo. Viver, morrer, renascer. Firme e forte feito um touro". E assim foi, uma hora de um show firme e forte, intenso, vigoroso, com um artista completo, com uma presença de palco inacreditável (me falaram mais tarde que ele é baixinho, mas nem notei, pois no palco Johnny Hooker fica gigante!). No encerramento, um bis cheio de emoção e significados. Em tempos de preconceito, de retrocesso, de preocupação excessiva com a vida alheia, de julgamentos antiquados, "Flutua" foi cantada em coro com a platéia com uma intensidade, que me deixou emocionada até agora. Foi um momento pra lembrar que, sim, a vida não está fácil, o mundo está bem estranho e cheio de retrocessos, mas esses momentos valem a pena e, de alguma forma, percebemos que não estamos sozinhos.

* Obrigada Roberta Martinelli (e Rádio Eldorado!), Marcus Preto e Gabriel Andrade pelos ingressos.
** Obrigada Roberta Martinelli por atender meu pedido e tocar "Flutua" no Som a Pino de hoje e trazer, para mim e para os ouvintes que estiveram no Coala, um pouco daquela emoção de volta.