segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O dia em que apaixonei pelo Coala


Demorei 5 anos para descobrir o Festival Coala. A descoberta aconteceu ao ouvir uma entrevista na Rádio Eldorado com os curadores do festival, Marcus Preto e Gabriel Andrade, há alguns meses. Que bom que sou ouvinte assídua do Som a Pino, da Roberta Martinelli, porque, nesse dia, durante a entrevista, além da feliz descoberta, ganhei, na promoção surpresa que fizeram, um par de ingressos para os dois dia de festival.

Nesse último fim de semana, nos dias 1 e 2 de setembro,  a 5ª edição do Festival Coala aconteceu. Me senti extremamente privilegiada por ter estado lá. Privilegiada, porque posso me esforçar para tentar contar em detalhes tudo o que aconteceu, mas o que vivi ali nesses dois dias talvez não não seja possível transmitir em palavras.

Para quem comprou ingressos, uma grata surpresa, em tempos de eventos caríssimos: o Coala Festival oferece entrada solidária, isto é, a meia entrada é válida para todos, contanto que seja doado 1 KG de alimento não perecível. É possível comprar um passaporte para os 2 dias por um preço super justo e acessível.

Ingressos na mão, vamos lá! 

Ao entrar no festival, pela passagem subterrânea que dá acesso ao espaço aberto do Memorial da América Latina, um cenário contrastante com a cidade de SP se abre. O que se encontra ali é um lugar cheio de cores,  de leveza, de alegria, de liberdade, de pessoas de todas as idades e gêneros, de todos os estilos e, principalmente, cheias de estilo!!! A infraestrutura montada é moderna, criativa e funcional. Tudo bem dividido, organizado e sinalizado.

Logo na entrada há uma indicação à esquerda para a "Feirinha Jabuticaba" (um espaço para expositores) e "Praça de Alimentação". O espaço reservado para alimentação tem um clima de parque, com árvores (com, super bem-vindas e disputadas, sombras, já que tivemos 2 dias de 30º nesse inverno maluco de SP), mesas de madeiras e pufes, além de muito espaço na grama que, para os mais experientes das outras edições do festival, foram preenchidos com cangas onde as pessoas podiam descansar e comer num clima de piquenique.

Contando com patrocínio de empresas como Natura e Skol, havia estande de degustação de um lançamento de cerveja, distribuição de água gratuita para quem comprasse drinks e muitas promotoras da Natura circulando e oferecendo "maquiagem express" para aqueles que queriam entrar num clima mais colorido. 

Os preços não eram abusivos para comer ou beber e disponibilizaram opções variadas, de ótima qualidade e bem saborosas. Realmente era possível passar o dia (ou 2 dias!) por lá sem sofrimento e sem ir à falência.

Segundo Thiago Custódio, sócio e diretor de marketing do Coala, “O evento foi pensado para ser democrático e amplificar manifestações de música e arte. Tudo isso só acontece porque marcas que têm isso na sua essência acreditam no projeto, e o entenderam como uma oportunidade de se conectar com o público jovem e formador de opinião”.

Ah! E claro... além disso tudo, o principal: o festival tem, claro, shows, muitos shows!

O Coala é exclusivamente um espaço para a música nacional. Com estilos diversos. É possível assistir um show de rap baiano, com Baco Exu do Blues, e ter, logo em seguida, Gilberto Gil, feliz e cheio de energia (com direito a uma "sambadinha" durante "O Rio de Janeiro continua lindo"). Ou assistir o show com uma "pegada Los Hermanos" do carioca Rubel e depois cair no baile black de Mano Brown, com seu excelente Boogie Naipe. 

Preciso confessar... amei muito o show do Gil, me acabei de dançar com Mano Brown e gostei muito de tudo que ouvi por lá, mas... Quem de fato ganhou meu coração, me conquistou do primeiro ao último segundo de show foi Johnny Hooker. Seu show abriu o segundo dia do festival, muita gente não conseguiu chegar a tempo, mas eu corri, corri muito, porque algo me dizia que eu não podia perder nada esse show. Eu estava certa.  Foi mágico, entramos no Memorial e a contagem regressiva para Johnny Hooker começou no telão (ah! mais um detalhe: pontualidade britânica do começo ao fim no Coala!!!! Coisa rara e exemplar hoje em dia). O show começou com o refrão "Olha eu aqui de novo. Viver, morrer, renascer. Firme e forte feito um touro". E assim foi, uma hora de um show firme e forte, intenso, vigoroso, com um artista completo, com uma presença de palco inacreditável (me falaram mais tarde que ele é baixinho, mas nem notei, pois no palco Johnny Hooker fica gigante!). No encerramento, um bis cheio de emoção e significados. Em tempos de preconceito, de retrocesso, de preocupação excessiva com a vida alheia, de julgamentos antiquados, "Flutua" foi cantada em coro com a platéia com uma intensidade, que me deixou emocionada até agora. Foi um momento pra lembrar que, sim, a vida não está fácil, o mundo está bem estranho e cheio de retrocessos, mas esses momentos valem a pena e, de alguma forma, percebemos que não estamos sozinhos.

* Obrigada Roberta Martinelli (e Rádio Eldorado!), Marcus Preto e Gabriel Andrade pelos ingressos.
** Obrigada Roberta Martinelli por atender meu pedido e tocar "Flutua" no Som a Pino de hoje e trazer, para mim e para os ouvintes que estiveram no Coala, um pouco daquela emoção de volta.