quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Leite Gourmet


Segunda-feira 


Sofia resolve preparar seu leite que toma antes de dormir. Só que, na receita dela, não é um simples leite com Toddy. É um leite com Toddy e "pedacinhos crocantes" (Ovomaltine, que ela colocou delicadamente por cima, usando uma peneira).

Eu comentei:

- Nossa, é um leite “Gourmet”, Sofia?

Ela gostou do nome e concordou que era isso mesmo, o nome cabia bem à sua invenção, "leite Gourmet".

Eu ia começar a fazer o leite (tradicional) pro Tomás, mas ela se adiantou.

- Mãe, deixa que eu faço o dele também.

Outro Gourmet, é claro.

Quando Tomás viu que ela havia colocado os “pedacinhos crocantes” por cima , deu escândalo, ameaçou chorar. Ele não é muito adepto a sair da rotina, a mudanças. Se o leite de todo dia é com Toddy, apenas Toddy, nada de colocar cobertura crocante! Muito menos sem consultá-lo antes.

Eu não dei bola para as reclamações. Sofia, sob minha orientação, também não. Resultado: sem atenção ao seu protesto, ele desistiu e tomou tudo.

Dia seguinte

Hora do leite. Tomás fala:

- Sofia, você pode fazer meu leite de novo?

É... parece que o leite Gourmet foi aprovado.




terça-feira, 28 de novembro de 2017

O melhor da vida é de graça


Roubando a frase de Marcelo Jeneci, "o melhor da vida é de graça". E é, sem dúvidas. 

Ontem minha avó paterna faleceu e com essa notícia e tudo o que ela envolve, milhares de histórias voltaram à tona nas últimas horas. Felizmente, somente boas lembranças. E o choro inevitável que veio acompanhando as lembranças, me fez perceber que talvez as lágrimas sejam pela total impotência de voltar no tempo ou parar o bendito tempo. Somos impotentes para controlar a vida. A vida passa, passa rápido (principalmente quando deixamos de prestar atenção nela, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo) e muitas vezes perdemos a oportunidade de fazer ou falar coisas.

Meu primo Paulinho mora nos EUA e não conseguiu estar ao lado da família no velório e enterro. Como ele mesmo disse, tentou (e conseguiu, maravilhosamente bem) colocar para fora o que estava sentindo através de um texto incrível, leve, divertido e emocionante; já que não conseguiria estar aqui para dar e receber abraços reconfortantes.

Eu estava aqui. Escrevi algumas linhas no Facebook que não expressaram nem 1% do que eu sentia, pude estar presente nas cerimônias, dei e recebi abraços, mas as emoções continuaram à flor da pele.

Sim, acredito que muitos vão ler até aqui e dizer: "ah, isso é normal, já já passa, o tempo cura tudo.". Eu discordo... não quero que isso seja curado, não há nada pra curar na verdade, não quero deixar o tempo passar. Quero sim é aproveitar esse momento em que deixamos as emoções expostas, em que não há barreiras para abraços apertados e trocas de carinho.

Talvez meu pai nem imagine o quanto falo com orgulho de seu trabalho como músico, de como ele foi generoso comigo em vários momentos da minha vida, de como sou grata ... 
Talvez minha mãe não tenha a menor ideia de como me orgulho (e me esforço pra tentar ser minimamente parecida) de sua paixão por leitura, de como agradeço por ter sido minha companheira de tantos cafés e papos sem fim, de como sinto e tento retribuir seu amor... 
Acho que meu irmão nem imagina o quanto ele é importante pra mim, como admiro seu bom humor e a leveza com a qual ele lida com a vida e como eu gostaria de ser mais carinhosa e menos "irmã mais velha" com ele...
Minhas avós, que já se foram, talvez não tenham noção da dimensão do amor que sinto por elas e de como gostaria que seus colos e sorrisos fossem eternos...
Meu marido talvez não perceba o quanto seu incentivo é importante para me fortalecer e impulsionar sempre a fazer o que realmente gosto e acredito, de como me orgulho e acredito nele, de como o amo e admiro...
Meus filhos com certeza não ouviram nem metade dos "eu te amo" que eu já devia ter dito a eles, de como os acho maravilhosos e nem imaginam o quanto mudam minha vida para melhor a cada dia...

A lista seria muito extensa... Queria falar de tantas pessoas, mas para que esse post não se transforme num livro em vários volumes, vou encerrar por aqui. Porém, são tantas pessoas (tios, primos, madrinha, padrinho, cunhada/o, sogra, amigos) importantes e especiais que gostaria que soubessem, que tivessem certeza de que cada um de vocês é fundamental na minha vida. Obrigada a todos vocês por estarem ou já terem estado ao meu lado. Obrigada por tudo o que já vivemos juntos e que tenhamos muitas novas histórias daqui pra frente, cheias de muito amor, muitos abraços apertados.


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Muda ou não muda?



Todo ano o Banco Itau distribui gratuitamente 2 ou 3 livros na campanha "Leia para uma criança". Nesse ano, a divulgação da campanha está sendo veiculado nas rádios também. A propaganda termina com o seguinte slogan: "Leia para uma criança. Isso muda o mundo".

Ontem, no carro, Tomás ouviu essa frase e comentou, bem sério:

- Não muda não!
- O que Tomás? - Giva perguntou
- Estão falando aí que ler para uma criança muda o mundo. A mamãe lê pra mim todo dia e o mundo não mudou nada! Está tudo igualzinho!!!



terça-feira, 21 de novembro de 2017

Papai Noel de verdade?


Novembro chegou (na verdade, quase terminou ...) e, junto com ele, chegaram as decorações de Natal dos shoppings, cheias de trenzinhos (agora já muito pequenos para a Sofia e no limite para o Tomás), balinhas e, claro, o Papai Noel pronto para uma foto com a criançada.

Porém, o Papai Noel não tem feito muito sucesso com a turma lá de casa. Pelo menos não aquele Papai Noel que fica sentadinho na poltrona dos shoppings. Sofia e Tomás passam por ele e não dão nem bola... 

O Papai Noel que interessa de verdade é aquele que eles não nunca veem (segundo comentário do Tomás, só a Nina, nossa gata, vê!), aquele que passa escondido dia 24/12 e deixa presentes em baixo da árvore.

Ontem, passeando no shopping, passamos ao lado de uma fila enorme para tirar fotos com o Papai Noel. Tomás me perguntou:

- Esse é o Papai Noel mesmo, mãe? De verdade?

Eu sempre fico meio desconfortável com essas perguntas e sou vaga, tentando não me sentir culpada pela mentira...

- Deve ser... 

Sofia interrompeu pra dar sua opinião:

- Eu acho que não é. Como poderia ser? Todo shopping tem um! E é um diferente do outro. Uns tem balas, outros não...Uns são bonzinhos, outros MAL HUMOROSOS... 


Foto de 2012, com um Papai Noel "bem humoroso"

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Nariz azedo


No último dia de aula as crianças apresentarão um coral no colégio, a Cantata de Natal. Eles ensaiam por muitas semanas  e são bem orientados pelas professoras a guardarem segredo, não darem pistas aos pais do que será cantado.

Tomás nunca foi de comentar nada, ele é sempre bem discreto. Porém, semana passada me surpreendeu fazendo um comentário sobre os ensaios:

- Mãe, acho que você vai chorar com a música que eu vou cantar...
- Ai, meu Deus...

Eu já tinha certeza de que ia chorar, mesmo antes de ele comentar, mas decidi saber o por quê do comentário.

- Por que, Tomás?
- Porque eu fico com o nariz AZEDO toda vez que a gente canta. Quase choro...


***

E ainda sobre descrição de sensações, mais uma do Tomás.

Ontem estava programada uma tarde de brincadeiras na casa do amigão dele, o Gael. Tomás estava ansioso, perguntando a toda hora se já íamos sair de casa.

Quando chegou perto do horário, mandei mensagem para a mãe do amigo só para checar se estava tudo ok, se já podíamos sair de casa. Sem sucesso, não estava conseguindo contato. Mesmo assim resolvi sair de casa e avisei o Tomás:

- Nós vamos, mas qualquer problema, se eles não estiverem em casa, vamos para a casa da vovó, supermercado e voltaremos pra casa, ok?

Ele ouviu, quieto, fez que sim com a cabeça e seguimos caminho.
Quando estávamos a poucos quarteirões da casa do amigo ele desabafou, aflito:

- Ai, mãe, minhas mãos estão encharcadas... e se o Gael não estiver em casa?!

E para o fim da aflição e das mãos encharcadas, Gael estava esperando o amigo chegar e foi só alegria!


Tomás, seu amigão, que pra ser ainda mais perfeito, tem uma cachorra fofa demais, a Brisa.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Manicure


Não é de hoje que Sofia demonstra ser muito, muito vaidosa.
Desde muito cedo, se tem um programa que ela gosta de verdade é ir ao salão de cabeleireiros comigo, observar tudo, como as pessoas se comportam, sobre o que conversam, quais produtos usam...

Ontem a Lara, uma amiga dela, foi lá em casa. Brincaram de várias coisas até que Sofia sugeriu que brincassem de salão de cabeleireiro. Lara topou ser a cliente que estava indo fazer as unhas e Sofia seria sua manicure.

Demonstrando total intimidade com os esmaltes, palitos, lixas, algodões e afins, Sofia incorporou a manicure perfeita.

- Lara, você vai querer a unha quadrada? Quer que pinte todas de uma cor só ou vai querer deixar uma filha única (pintar 4 de uma cor e 1 de cor diferente)?

Enquanto pintava caprichosamente as unhas da amiga, puxava aquele papo furado básico.

- Lara, sabia que aquelas duas meninas da ginástica (elas fazem aula de ginástica juntas) que tem sotaque diferente nasceram em outra cidade?
- Ah é? Como você sabe?
- Elas me contaram. Elas são " Sotero a politana". Se fossem meninos iam ser "Sotero a politano"

Depois o assunto mudou para trabalhos e provas no colégio. Lara contou que já deu uma forcinha pra uma amiga, mostrou a resposta de uma prova sem a professora ver e Sofia comentou:

- Nossa, minha professora ia me mataaaar se me visse fazendo isso!
- Ah, mas minha professora não viu...
- Mas a minha ia ver com certeza, porque na minha escola tem câmeras. Umas câmeras roxas!

E então, quando o serviço de manicure estava quase sendo finalizado, começaram a falar sobre unhas. Mais especificamente sobre como os homens fazem as unhas. Sofia perguntou:

- Seu pai faz as unhas, Lara?
- Nããão!
- Não?
- Não, ele rói!


Um pausa e Lara completa:

- Ele rói até a do pé!



* à noite foi minha vez de me tornar cliente da manicure Sofia. No caso, foi pedicure. E não é que ela manda bem?!!!

** Faz tempo que Sofia brinca de manicure:





sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Família


No começo do ano ganhei o livro "Família" de Mário Sérgio Cortella. Leitura rápida, leve e cheia de ótimas reflexões e dicas de como lidar com crises e desafios familiares.

Em um dos capítulos, Cortella defende que é fundamental fortalecer as regras de convivência. Ele diz: 

"O termo nesta família bloqueia o argumento de  "ah, mas todo mundo faz". NESTA FAMÍLIA não se faz. A partir desse princípio, como a criança tem um senso de pertencimento à família , ela entende que não é só o laço sanguíneo, é também convivência. "

Voltando dia desses do colégio, Sofia argumentava fortemente para que eu a deixasse participar de um programa que uma amiga iria, que a família dela deixou, por que a amiga pode e ela não... Tentei, em vão, explicar porque não achava boa ideia a proposta e porque o pai dela também não iria gostar. Depois de algumas negativas e muito drama, lembrei do Cortella e falei:

- Sabe, Sofia, na família da sua amiga é assim, tudo bem, é uma escolha deles ... mas na nossa não, é  assim que funciona NA NOSSA FAMÍLIA.

E não é parece que o Cortella estava certo?! 
Fim da discussão e seguimos no caminho de casa conversando sobre outros assuntos.
OBS: ela nunca mais usou o argumento comigo de "mas minha amiga pode"...




terça-feira, 7 de novembro de 2017

O leite continua sendo derramado...


O tempo passou e quase nada mudou.

Tomás continua derramando leite (agora os acidentes acontecem quando ele está preparando seu próprio copo de leite) e tenta limpar (ainda com o primeiro pano que acha pela frente).

A fofura só aumenta...

Texto de 2012: http://asumigamordeumeudido.blogspot.com.br/2012/10/lagoa-de-leite-seria-um-sonho-ou-um.html