quinta-feira, 29 de março de 2018

Você acredita em que?


Se não me engano, foi quase com a idade atual da Sofia, 9 anos, que peguei minha mãe no flagra escondendo ovos de Páscoa num armário da sala. Não tenho certeza de que idade eu tinha, mas a cena é clara na minha lembrança e também não me esqueço do que disse pra ela naquela hora:

- Mãe, o Coelhinho da Páscoa é você?!!!! Então também não existe Papai Noel!!!

Ontem, me senti revivendo esse momento. Não fui pega no flagra, mas colocada na parede, com um interrogatório incansável da Sofia.

- Mãe, me fala uma coisa, o coelho da Páscoa existe mesmo?

Tentei dar uma desconversada...

- Ah, não sei, nunca vi, Sofia...
- Mas, pra você, ele existe?
- Ele não me traz nada, então acho que não...
- Eu acho que não existe!
- Por que?
- Ah, primeiro porque coelho não bota ovo e todo ano você fica tentando descobrir qual ovo a gente gostaria de ganhar... Eu acho que você que esconde! Acorda de madrugada pra esconder.

Ela não queria que a conversa terminasse por aí...

- Mãe, você acredita em que? 
- Ah, não sei...
- Eu não sei se acredito em Papai Noel... Acho que não acredito muito. Mas me fala, você acredita em que?
- Eu acredito naquele duende que esconde as coisas em casa. Sabe, quando um negócio some e a gente não acha de jeito nenhum?

Ela caiu na gargalhada e achei que a conversa estava encerrada. Mas não...

- Ai, mãe, você é engraçada... Sabe, tem uma coisa que eu não acredito mesmo: a fada do dente. As fadas não existem!!! Quero que você me mostre meus dentes agora, ok?! Ah, quando meu próximo dente cair vou pedir dinheiro pra você... rs... ou podem ser umas figurinhas da Copa... 

A conversa terminou por aí e eu apenas pedi para ela pegar leve nos comentários sobre esse assunto com o irmão e lembrar que o Tomás ainda acredita (ou gosta de acreditar) em tudo isso. Além do que (não falei essa parte pra ela), os ovos já foram comprados e tenho o óbvio plano de esconder na calada da madrugada...




segunda-feira, 26 de março de 2018

A novela da vacina

Depois de meses de uma vergonhosa espera, algumas tentativas frustradas, finalmente recebemos a notícia de que todos os postos de vacinação de SP disponibilizaram a vacina para febre amarela.

Quinta-feira passada lá fomos nós quatro tentar encerrar a longa espera.

Vacina realmente disponível, pertinho de casa, fila pequena, tudo favorável. E então partimos para aqueles minutos de espera pela injeção que mostram como 4 pessoas são realmente diferentes...

Já na fila, Sofia ficou vermelha, começou a respirar rapidamente, ameaçava chorar... e chorou. Muito!

Nossa senha foi chamada. Giva foi o primeiro. Injeção rápida, como se nada tivesse acontecido. 

Então foi a vez da Sofia que abriu o berreiro mesmo antes da agulha encostar em seu braço. Precisou de um abraço do pai para se acalmar e deixar a enfermeira concluir o trabalho. Como não estava tão calma e imóvel quanto deveria, a enfermeira falou pra ela:

- Sofia, conte comigo até UM! Vamos lá!
- UM!

Injeção data, fim de choro.

Era então a minha vez. Dei a mão pro Tomás, pra fazer tipo, mas, no fim, precisei mesmo dar uma apertadinha. Devo ter me encolhido e feito careta porque a enfermeira falou:

- Nossa, a mãe foi a única até agora que se encolheu e sentiu dor!

Tomás riu, esticou o braço e tomou a vacina rindo! Não sei se ria de mim ou de nervosismo.

Cada um a sua maneira, saímos de lá finalmente vacinados e torcendo para que não haja qualquer reação chata...

***

Ontem, na casa da avó, Sofia resolveu reproduzir, do jeito dela, a sala de espera da UBS.

Chamava os pacientes para a checagem antes da vacina. Fazia umas perguntas, colocava termômetro (isso foi invenção dela, porque no posto de saúde que fomos só perguntavam se havíamos tido febre nos últimos dias) e passava um aparelho que enxergava " a cor dos ossos" (ela é realmente criativa).

Na minha vez, o diagnóstico foi:

- Senhora, sua temperatura é de 2 graus "Celso". Seus ossos estão bem... quer dizer, não... estão meio amarelos!







sexta-feira, 23 de março de 2018

Férias no Beto Carrero


Nas férias de julho do ano passado me senti voltando no tempo. 

De repente lá estava eu novamente nos anos 80, dentro da Montanha Encantada do Playcenter. Nada mudou, os anões, a fábrica de chocolate, o túnel de luzes coloridas, os soldadinhos, o barquinho de madeira e a descida final onde a gente se molha um pouco. Só senti falta da música... mas fui cantando para não cortar o clima retrô que me dominou. Bom, só que infelizmente não foi uma viagem no tempo, não eram os anos 80, mas sim 2017... Não estava no Playcenter, nem em SP, mas no Beto Carrero, em Santa Catarina.

A Montanha Encantada foi comprada pelo Beto Carrero quando o Playcenter foi desmontado, em 2012, e transformada numa nova montanha, a Raskapuska. O nome mudou, o resto é igualzinho!!! Até a fila enorme para entrar no brinquedo continua a mesma... Além da Montanha Encantada, estão lá também o Barco Viking e a Monga!!! 

Nostalgia à parte, recomendo demais o passeio ao Beto Carrero. A família toda adorou, foram 2 dias muito gostosos. Aliás, para quem pretende ir, recomendo que programem o passeio realmente para 2 dias. Há muitos shows (adoramos os ótimos Madagascar e Excalibur) e não conseguimos ir a todos em 2 dias, mas talvez seja essa a ideia... impossibilitar que tudo seja visto em dois dias e estimular uma nova visita...

O parque é extremamente limpo e organizado. Tudo bem sinalizado e os programas com hora marcada são bem pontuais. Pelas ruas é possível ter a surpresa de encontrar  pelo caminho personagens amados por crianças (e adultos!) como Po (Kung Fu Panda), Shrek, Gato de Botas e a turma de Madagascar.  

Para aproveitar mais a ida à Santa Catarina, recomendo estadia em Florianópolis ou Balneário Camboriú (mais perto do parque e onde optamos ficar). As praias da região são muito bonitas e há boas opções de passeios turísticos que fazem valer mais alguns dias de estadia além dos 2 de parque.







quinta-feira, 22 de março de 2018

Com ou sem bigode?!


Tem certos momentos que ficam marcados na memória. Não por terem sido incríveis, mas porque a gente passou aquela vergonha básica, inesquecível.

A cena a seguir aconteceu há uns 20 anos.

Estava numa lanchonete com meu ex-namorado e meu irmão. Eu estava numa fase vegetariana da vida, olhei o cardápio cheio de hambúrguer, salsicha, presunto e não achava nada muito animador. Enfim, resolvi fazer o pedido e chamei o garçon.

- Vou querer um Bauru, por favor.
- Certo. Mais alguma coisa?
- Pode ser sem o presunto?
- ok... Então seria um queijo quente com o tomate?
- É... - respondi um pouco sem graça.

Detalhe: capricharam tanto no tomate que acabei separando algumas fatias e deixando no prato, o que rendeu mais um pouco de gozação por parte do ex e do meu irmão...

E então, 20 anos depois...
Sofia comentava sobre suas preferências de lanche. 

- Nossa, eu adoro o queijo quente dessa padaria aqui ao lado!
- É mesmo, Sossô? Por que?
- Porque tem peru!!!!


E falar sobre presunto...peru... me fez lembrar de uma pessoa muito divertida, saudosa e querida, o Sr Irineu, pai da Carol, minha amigona e madrinha da Sofia. Toda vez que eu ia à casa deles e que decidiam pedir pizza, não falhava, logo ouvíamos a piadinha do Sr Irineu:

- Vocês querem um Portuguesa?

E sem esperar a resposta, já emendava:

- Com ou sem bigode?!!!!

E ria, ria, ria muito. Toda vez. Eu eu dou risada sempre, só de me lembrar do som de sua risada e de como se divertia com as próprias velhas piadas.










segunda-feira, 12 de março de 2018

Entrada permitida


Semana passada, voltando do colégio, Tomás me contava as novidades do dia. Detalhe: isso é raro, porque normalmente a novidade é  resumida em "foi legal".

A história começou com ele me explicando que as meninas da sala fazem um grupo na hora do intervalo e ficam brincando sem permitir participação dos meninos. E completou: 

- Só eu posso entrar no grupo, elas deixam.
- É mesmo, Tomás, por que?
- Porque elas dizem que eu não grito, não fico falando sem parar e não falo palavrão.

Achei fofo e ao mesmo tempo fiquei orgulhosa em saber que palavrão não faz parte do vocabulário dele, porque às vezes fora de casa  eles podem ser um pouco diferentes.. 

Então me lembrei que o amigão dele, o Gael, que tem um comportamento muito parecido com o do Tomás (e por curiosidade nasceram exatamente no mesmo dia), costumava se dar bem com o grupo das meninas. Achei estranha a exclusão. Perguntei:

- E o Gael, também não pode entrar?
- Não!!!
- Por que?
- Porque ele não para de falar, ele fala muito!!!

Então ficou claro, o palavrão incomoda as meninas, mas a concorrência para falar mais do que elas não é aceita mesmo!



quinta-feira, 8 de março de 2018

Banho é bom, banho é bom, banho é muito bom


Ah, o velho e terrível drama da hora do banho...
Eles nunca querem entrar, depois entram e não querem sair.

Lá em casa não é diferente, a hora do banho é um luta. Tomás já chega da escola avisando que não vai tomar banho primeiro, criando uma discussão básica com a irmã, que normalmente cede e aceita ser a primeira, "pra ficar livre logo".

Ontem foi assim. Chegamos em casa, Tomás correu pro sofá e disse que não seria o primeiro a tomar banho. Sofia estava com muito calor e não discutiu, foi para o chuveiro.

OK, um banho resolvido, mas ainda tinha o Tomás. 

Ontem eu estava cansada, sem energia para ficar brigando com o Tomás para ele desligar a tv, tirar a roupa, não jogar a roupa no meio da sala, ir tomar banho, sair do banho... Enfim, como eu também estava com calor, com vontade de tomar o MEU banho (que é sempre o último), tive uma ideia e chamei o Tomás.

- Tomás, vamos invadir o banho da Sofia?

Ele arregalou o olho, abriu um sorriso e tirou a roupa em tempo recorde.

- Ebaaaa, vamos invadir!!!! 

Saiu correndo pro banheiro. Só não entrou, porque eu interrompi a empolgação, pedindo que me esperasse, para "invadirmos" juntos. Já sabia que uma "invasão" dele sozinho seria briga na certa.

Meu plano foi bem sucedido. Banho em trio, divertido, sem brigas, sem stress.

É, às vezes as ideias dão certo.



quarta-feira, 7 de março de 2018

Meus presentes


Faltam poucos dias para meu aniversário e notei que a Sofia tem tentado checar de várias formas que presente me faria feliz. Embora eu tenha repetido algumas vezes que ela não precisa mesmo se preocupar com isso, não desistiu. Foi conversar secretamente (mas nem tanto, porque eu acabei sabendo) com o pai, pedindo que ele a acompanhasse ao shopping para comprar um presente. Detalhe: deixou claro que seria com o dinheiro dela (a semanada suada que ela junta disciplinadamente).

Juro, não preciso ganhar nada mesmo, porque a emoção que senti só de saber desse amor todo, tentado ser transmitido em forma de um perfume ou algo assim, já me preencheu por completo.

Nesses últimos tempos, aliás, Sofia tem me emocionado muito. Tem crescido, amadurecido rápido (rápido demais!!!) e está se tornando uma pessoa cada dia mais linda, por dentro e por fora. 

Mês passado, por vontade própria, ela decidiu cortar (muuuito) o cabelo. Cortou 20 cm e doou para uma ong que confecciona perucas e oferece a crianças em tratamento de câncer.

Enfim, eu realmente não preciso ganhar nada. 
Sofia é incrível e Tomás não fica atrás, é um menino maravilhoso. 

Meu presente é poder completar, a cada 12 meses, mais um ano ao lado deles.




segunda-feira, 5 de março de 2018

Xampus


Normalmente eu sou bem focada nos itens que estão na minha lista de compras do supermercado. Porém, semana passada, não resisti ao impulso e sem pensar, levei para casa 2 xampus infantis, que não constavam na lista, porém, me ganharam pelo visual. Claro, olhei o preço e dei uma cheiradinha antes de decidir de fato comprar, mas a embalagem colorida e diferente das demais me ganhou. Ponto para esse designer de produtos!

Bom, explicando, levei 2 para casa não porque virei consumista de vez, mas porque um era para "cabelos lisos" e outro para "cabelos cacheados". 

Coloquei na sacola de compras no porta malas e fui buscar as crianças no colégio. Chegando lá, abri o porta malas para que eles guardassem as mochilas e Sofia, logo de cara notou algo interessante na sacola de compras:

- O que é isso colorido que você comprou?!!!

Sim, a pessoa que criou essa embalagem foi muito bem sucedida mesmo!

Mostrei os xampus para as crianças e senti que rolou uma ansiedade por chegar em casa logo e poder tomar banho com as novidades.

Banhos tomados, xampus experimentados e aprovados.

Passou um tempo, Tomás foi ao banheiro e me chamou. Fui ver o que ele queria. 

Segurando os 2 xampus, observando o que estava escrito, ele falou:

- Por que você comprou um xampu para cabelos lisos e um para cacheados?
- Porque o da Sofia é liso e o seu cacheado...
- Mãe, mas meu cabelo é liso!

Sim, ele gostou mais do desenho do xampu da irmã... Para azar dela e, principalmente, meu, que terei que aguentar algumas discussões na hora do banho por causa disso. 

Da próxima vez melhor comprar um xampu sem desenho e "para todos os tipos de cabelos"... ou não, né...


Os xampus da alegria e da discórdia