Esses amáveis pequenos tiranos

Logo nas primeiras horas em que entram em nossas vidas, eles já dão uma prévia de que tudo mudou. A começar pelo seu tempo... Esqueça o "seu".  Resta apenas o tempo, ou melhor, quase não resta tempo. 

Sabe aquele longo momento de silêncio, de nada pra fazer, que você algum dia pode ter chamado de tédio, monotonia, falta de programação? Pois é, você descobre que ele é uma DELÍCIA! A não ser que você tenha o privilégio de contar com uma babá ou uma avó bem disposta e disponível, seus dias terão de tudo, menos esse saudoso e maravilhoso silêncio.

As crianças falam, falam muito, gritam, pedem, exigem, repetem, tentam dominar os pais ... incessantemente, incansavelmente. Como diz o pediatra da Sofia e do Tomás, nosso querido Dr. Walter Labonia Filho, "crianças são assim, pequenos tiranos".  Para os pais fica a difícil tarefa de descobrir como impor limites, como ignorar birras, como mostrar quem manda (um ato falho e pode ter certeza que um ser de menos de 1 metro de altura pode comandar a casa facilmente, gerando o caos em pouco tempo).

Os pequenos também sabem como ninguém tornar a hora da refeição um pesadelo. Alguns recusam a comida, choram, fazem birra. Outros derrubam no chão... Os mais tranquilos simplesmente olham para o SEU prato e acham que a SUA comida é centenas de vezes mais apetitosa.

Suas noites tranquilas de sono tornam-se madrugadas interrompidas por um sonoro "manhêêêê!!!!!". Será que alguma criança acorda a noite e grita "papai"?  Ou apenas acorda e chama um dos dois num tom de voz que você não acorde com o coração disparado de tanto susto?

Bom, mas antes que aquelas mulheres que planejam ter filhos desistam ou as grávidas entrem em desespero por não ter mais como voltar atrás, vamos ao lado bom de tudo isso... Calma, ele existe!!!

Sim, eles dão trabalho e testam nossa paciência diariamente; porém,  ensinam-nos a refletir, a analisar nossos próprios defeitos, a respirar fundo, a tentarmos ser pessoas melhores a cada dia.

Eles nos dão a chance de sermos crianças novamente. De repente lá está você indo pela terceira vez assistir ao mesmo desenho no cinema. E feliz da vida!!! Achando o programa super divertido!

Só com um filho ao seu lado você entra numa piscina e, ao invés de apenas mergulhar para se refrescar, você mergulha e "planta uma bananeira" pra mostrar aos seus filhos o que você aprendeu quando era criança.

Só com um filho você vai à praia e não fica deitada tomando sol tranquilamente. Sim, você toma sol... mas enquanto constrói um castelo de areia gigante com direito a um rio ao redor.

Sendo mãe, você chega em casa, vai arrumar sua bolsa e o que encontra? Brinquedos, papéis de balas e um desenho fofo onde você é sempre personagem fixo.

São tiranos? Especialistas em acabar com nossa paciência? Sugam nossa energia, nosso tempo? 

Mas o que importa? 

Eles são únicos, insubstituíveis, especiais e completamente apaixonantes. 
Tem como não amar?