quinta-feira, 16 de maio de 2019

Amor em forma de flor


O tema liberdade tem sido recorrente aqui em casa.

Sofia, com quase 11 anos, já mostra sinais da pré-adolescência. Pré-adolescência, claro, é sinônimo de busca por liberdade, ou melhor, de exigência imediata por liberdade. Ela vai tentando, aos poucos, conquistar seu espaço. Já fica sozinha no clube, tem seu armário no vestiário para tomar banho após os treinos de ginástica, fica sozinha em casa (por períodos curtos) e, há poucas semanas, ela conseguiu me convencer a liberá-la para uma tarde no shopping com os amigos... e por aí vai... 

Tomás, dois anos mais novo, vai conquistando seu espaço "na cola" da irmã. Exigiu que tivesse a mesma chance dela de ficar sozinho à tarde no clube e também em casa algumas vezes. Tivemos conversas sobre como confiança e liberdade são conquistados dia a dia, então ele precisava aprender a se cuidar de verdade e a respeitar os combinados. Tem dado tudo certo.

Eu estava me sentindo uma mãe super evoluída, encarando sem neuroses esses primeiros passos dos meus filhos para o mundo adulto e independente. Então me dei conta, através de uma história incrível, de como um clube ou um shopping não são nada, nada mesmo, quando ainda há o mundo todo para um filho querer e poder se "jogar" sozinho.

Há alguns anos uma amiga me contou sobre um projeto voluntário que amigas dela, mãe e filha, estavam trabalhando. Na época, Kety e sua filha Gabi (se não me engano, tinha 15 anos) pediam meias, novas ou usadas, para serem levadas e doadas para refugiados na Grécia. Fizemos a doação, que se juntou aos 2 mil pares arrecadados junto com doações em dinheiro, usados para acolher e atender as primeiras necessidades dos refugiados na chegada às cidades.

Os anos passaram e nesta semana voltei a ouvir falar dessas duas mulheres incríveis. 

Para poder manter o projeto da filha, que optou por levar a diante seu trabalho com os refugiados e permanecer na Europa, Kety criou o "Flores para refugiados". Com contribuições quinzenais ou mensais,  as flores chegam às casas em arranjos, tamanho M ou G, lindos, caprichados, cheios de amor e delicadeza. 

Hoje eu tive a alegria de conhecer a Kety e receber meu primeiro vaso de flores. Fiquei muito feliz e emocionada por ter algo tão lindo, em todos os sentidos, dentro da minha casa. Elogiei muito e Kety me mandou uma mensagem em resposta:

"Eu me esforço muito para fazer um arranjo tão bonito quanto o trabalho da minha filha... que bom que você está com a gente agora. Que essa nossa jornada juntas seja muito florida."

Hoje eu recebi amor em forma de flor.

Kety e Gabi, o mundo seria muito melhor com mais pessoas como vocês.

Vocês podem encontrar o projeto no Facebook e Instagram: Flores para refugiados.