terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Furar ou não furar?


Quando Sofia nasceu decidimos não fazer furos em suas orelhas e deixá-la decidir, futuramente, se queria ou não.
Perto de completar 3 anos, leonina extremamente vaidosa, ela começou a pedir diariamente para usar brincos. Só que os brincos de pressão, que vinham nas bolsinhas da Barbie não serviam. Tinham que ser brincos de verdade!
E lá fui eu pesquisar acupunturistas para furar o ponto certo da orelha, usando anestésico, uma coisa menos traumática.
Só que a Sofia tinha pressa…
Um dia, voltando da escola, insistiu tanto no assunto que acabamos indo até a farmácia da esquina para ver se furavam. Eu tinha certeza de que íamos apenas dar uma volta no quarteirão, porque hoje em dia é difícil achar uma farmácia que faça esse "serviço". 
Mas a da esquina de casa faz.
Chegando lá, ela já estava decidida, furaria naquele momento. Escolheu o brinco e, feliz da vida, sentou no banquinho. Porém, foi só ver a pistola e o arrependimento começou... A coitada da moça da farmácia ficou sentindo-se a própria torturadora infantil. De pistola na mão, a garotinha chorando, os outros clientes olhando.
Após meia hora de drama, o furo saiu. E dá-lhe berreiro! Não sei o que foi pior, a dor que ela sentiu ou o barulho que a pistola fez. Bom, mas entre um soluço e outro, uma olhadinha no espelho e lá estava o brinco tão desejado, lindo, rosa!
Pronto! Sofia agora usava BRINCO. Assim mesmo, no singular. Depois do primeiro furo ela não achou mais a ideia tão boa e voltou pra casa com um brinco só...
OBS: no dia seguinte, a vaidade falou mais alto. Ela quis voltar à farmácia e encarar novamente a pistola. Com o mesmo drama, com a mesma quantidade de lágrimas, mas, novamente, com sua recompensa! O brinco de verdade na orelha!