sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O plano (in)falível


30 anos atrás, em dezembro.

A menina, com 6 anos, olhinhos puxados, cabelinho de índia, cara de sapeca, passa ligeira pela sala. Olha para um lado, olha pro outro. Ninguém. Foca seu alvo, a árvore de Natal.
Vai até ela, tira o máximo de enfeites que consegue no intervalo de 1 minuto, espalha-os pelo chão e volta correndo pro quarto. Aguarda...

O grito! 

“Quem tirou os enfeites da árvore?!!!”


A menina, astuta, disfarça e aparece depois de um tempo na sala, olha pra “arte”... depois olha pra gata (Tutty) e diz, com tom de reprovação: 

“Ai, Tutty, que feio! De novo!!!” (a gata realmente já havia dado umas patadas nos enfeites, mas nada perto do que havia sido feito dessa vez).


A mãe (faz que) acredita, recoloca os enfeites, dá um pito na gata e sai da sala.

Sucesso!!! 
E a menina, ousada, resolve testar a eficácia de seu plano novamente. 
Só que desta vez a sorte não está ao seu lado e é pega no pulo. Recebe um castigo duplo pela estripulia e por ter colocado a culpa na pobre gata.


30 anos depois, em dezembro.

Casa decorada para o Natal. A menina desta vez tem 4 anos, olhinhos puxados, cabelinho de índia, porém ruiva, cara de sapeca.

A árvore de Natal não foi o alvo do plano infalível desta vez, apenas fazia parte do cenário.

A menina almoçava com o irmão. Na verdade, fingia que almoçava, pois não estava realmente interessada na comida.
Numa das muitas idas da mãe para a cozinha (almoço com criança é assim... Você senta para comer e eles querem mais suco, querem outro talher, querem guardanapo, enfim, umas 5 idas à cozinha é a média por refeição), a menina grita:

“Tomááááss, NÃO acredito que você fez isso!!!”

Imediatamente a mãe volta para verificar o ocorrido.

O prato da garota está completamente vazio. A comida está parte da mesa, parte no prato do irmão.
A mãe analisa a cena, olha para o menino, olha para a menina e depara-se com algo muito familiar... aquele olhar... Um olhar de garotinha sapeca, que pensou nos detalhes do plano, aproveitou o momento ideal e estava ali apenas aguardando para poder ver o outro levar uma bronca e poder exibir disfarçadamente um sorriso de satisfação. 

Porém...

“Tsc, tsc, tsc, tsc, tsc, Sofia, pode esquecer, essa fui eu quem inventou e, te garanto, não dá certo!”

E a menina ficou ali com aquela cara de “como ela percebeu? Afinal, meu irmão é tão guloso... e tão desastrado...”

Pois é, a genética, a genética...