sexta-feira, 22 de julho de 2022

Para enxergar é preciso realmente observar

Nesta semana tive férias e me dediquei a matar as saudades de um tipo de passeio que amamos aqui em casa, mas nem sempre temos tempo...passar o dia no parque. O favorito é, sem dúvida, o Ibirapuera. Enorme, com árvores maravilhosas (que agora estão especialmente lindas, cheias de ipês floridos), um lago extenso e cheio de patos, garças e cisnes. Além da natureza, o Ibirapuera tem muita coisa para fazer. Há museus, planetário, espaço para shows, parquinhos, quadras... É possível passar algumas horas por lá e voltar alguns dias por semana sem enjoar ou sem repetir o programa anterior!




Há alguns anos nossas idas ao Ibirapuera eram sempre acompanhadas de patins, pois havia um espaço ideal para patinação, a Marquise, onde o piso é (era) liso e plano. Porém, infelizmente toda a área está interditada desde 2019. E desde de 2019, adivinhem... nada foi feito. A "obra" está parada, completamente abandonada. A cada ida ao parque esperamos chegar e ver um cenário diferente, mas as telas de proteção e as faixas de interdição continuam empoeirando por ali.




Bem ao lado dessa interdição eterna há alguns dos principais pontos turísticos do parque: Auditório Ibirapuera, MAM, Museu Afro Brasil, Bienal e Oca. Ou seja, não é um local escondido, está na passagem de pontos muito movimentados do parque. Na Oca, por exemplo, atualmente, está em cartaz a exposição 'A Beleza Sombria dos Monstros: 13 Anos da Arte de Tim Burton', que tem formado longas filas na entrada, exatamente ao lado da Marquise.

Breves comentários sobre a exposição, que visitamos hoje... Sinceramente, foi um balde de água fria às expectativas que tínhamos de entrar no mundo de Tim Burton, de ver um pouco de "Edward Mãos de Tesoura" e demais personagens clássicos. A cada sala um funcionário passava orientações, dizendo o que poderia ou não ser fotografado, mesmo que eu não demonstrasse qualquer interesse por fotos, nem estivesse com o celular na mão. Muito se estimulou o vicio por fotografar e postar o tempo todo. Muito se investiu em óculos 3D, óculos de realidade virtual e lencinhos para higienização. Os óculos poderiam ser divertidos se houvesse realmente conteúdos surpreendentes para serem vistos através dessas lentes, mas a sensação que tivemos foi de uma repetição de imagens iguais. Uma pena, porque Tim Burton é muito mais interessante do que isso, merecia mais. 

O Parque do Ibirapuera também.

Quem sabe se o olhar das pessoas, e de suas lentes dos celulares, enxergassem não apenas o que é bonito para as redes sociais, a produção da exposição notasse que algo não está funcionando muito bem.

Quem sabe se os frequentadores do parque estivessem de fato enxergando o cenário de abandono ao lado da Oca algo já tivesse sido feito para abreviar o descaso com a Marquise. Para enxergar é preciso realmente observar.