terça-feira, 28 de novembro de 2017

O melhor da vida é de graça


Roubando a frase de Marcelo Jeneci, "o melhor da vida é de graça". E é, sem dúvidas. 

Ontem minha avó paterna faleceu e com essa notícia e tudo o que ela envolve, milhares de histórias voltaram à tona nas últimas horas. Felizmente, somente boas lembranças. E o choro inevitável que veio acompanhando as lembranças, me fez perceber que talvez as lágrimas sejam pela total impotência de voltar no tempo ou parar o bendito tempo. Somos impotentes para controlar a vida. A vida passa, passa rápido (principalmente quando deixamos de prestar atenção nela, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo) e muitas vezes perdemos a oportunidade de fazer ou falar coisas.

Meu primo Paulinho mora nos EUA e não conseguiu estar ao lado da família no velório e enterro. Como ele mesmo disse, tentou (e conseguiu, maravilhosamente bem) colocar para fora o que estava sentindo através de um texto incrível, leve, divertido e emocionante; já que não conseguiria estar aqui para dar e receber abraços reconfortantes.

Eu estava aqui. Escrevi algumas linhas no Facebook que não expressaram nem 1% do que eu sentia, pude estar presente nas cerimônias, dei e recebi abraços, mas as emoções continuaram à flor da pele.

Sim, acredito que muitos vão ler até aqui e dizer: "ah, isso é normal, já já passa, o tempo cura tudo.". Eu discordo... não quero que isso seja curado, não há nada pra curar na verdade, não quero deixar o tempo passar. Quero sim é aproveitar esse momento em que deixamos as emoções expostas, em que não há barreiras para abraços apertados e trocas de carinho.

Talvez meu pai nem imagine o quanto falo com orgulho de seu trabalho como músico, de como ele foi generoso comigo em vários momentos da minha vida, de como sou grata ... 
Talvez minha mãe não tenha a menor ideia de como me orgulho (e me esforço pra tentar ser minimamente parecida) de sua paixão por leitura, de como agradeço por ter sido minha companheira de tantos cafés e papos sem fim, de como sinto e tento retribuir seu amor... 
Acho que meu irmão nem imagina o quanto ele é importante pra mim, como admiro seu bom humor e a leveza com a qual ele lida com a vida e como eu gostaria de ser mais carinhosa e menos "irmã mais velha" com ele...
Minhas avós, que já se foram, talvez não tenham noção da dimensão do amor que sinto por elas e de como gostaria que seus colos e sorrisos fossem eternos...
Meu marido talvez não perceba o quanto seu incentivo é importante para me fortalecer e impulsionar sempre a fazer o que realmente gosto e acredito, de como me orgulho e acredito nele, de como o amo e admiro...
Meus filhos com certeza não ouviram nem metade dos "eu te amo" que eu já devia ter dito a eles, de como os acho maravilhosos e nem imaginam o quanto mudam minha vida para melhor a cada dia...

A lista seria muito extensa... Queria falar de tantas pessoas, mas para que esse post não se transforme num livro em vários volumes, vou encerrar por aqui. Porém, são tantas pessoas (tios, primos, madrinha, padrinho, cunhada/o, sogra, amigos) importantes e especiais que gostaria que soubessem, que tivessem certeza de que cada um de vocês é fundamental na minha vida. Obrigada a todos vocês por estarem ou já terem estado ao meu lado. Obrigada por tudo o que já vivemos juntos e que tenhamos muitas novas histórias daqui pra frente, cheias de muito amor, muitos abraços apertados.