sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Seria genético?



COMO SURGIU A SUMIGA



Ando pensando se esse negócio de inventar palavras, trocar letras, fazer releituras de músicas é algo genético. Não sei como foi a infância dos meus bisavós, avós, pais, porque não tenho registros., porém, ouvindo relatos da minha infância e do meu irmão, começo a acreditar que herdamos de alguma forma esse tipo de característica.

Eu, por exemplo, era a rainha em trocar o F por S: sumiga, sumaça...

Meu irmão já tinha um vocabulário troca-letras mais complexo. A palavra que mais marcou minha infância foi CORVADONA, que era como ele me chamava em momentos de crise entre nós.

Além da sumaça e da sumiga, eu repetia com frequência a palavra "dido" (dedo). E quando, tomei minha primeira mordida de formiga, veio a frase:

 “A sumiga mordeu meu dido”!

Adoro e achei que cairia bem como título do blog.




  
LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA


Até hoje me divirto lembrando de uma tarde na Ilhabela, litoral de São Paulo, na casa dos meus avós, quando meu irmão desapareceu por algumas horas (ou minutos, afinal, eu era criança e o tempo era um tanto mal dimensionado, principalmente em momentos de tensão como o sumiço de um irmão). 

Quando o Pedro voltou, com um ar de que não tinha feito nada errado,  começou a ser interrogado pela família aflita. 

Onde estava?
O que estava fazendo?
Nunca mais suma assim!
Bláblábáblá 

Pedrinho, tranquilo da vida, até um pouco orgulhoso de seu ato a ser revelado, respondeu: 

”Eu cimentei a pancainha do vizinho!”, contando em como aproveitou bem o restos da obra, que o vizinho descuidado deixou no quintal, sem imaginar que uma criança muito criativa passaria por lá...





APRENDENDO COM A TV


Houve a fase da repetição do que víamos na TV. 

Não me lembro sobre o que era o comercial, mas dois homens lutavam com espadas e repetiam: “Canalha!” e outro revidava, “Traidor”. Eu achava aquela luta super divertida e sugeri para meu irmão para imitarmos. Bem, como mandona que sempre fui, decidi que eu teria as duas falas e meu irmão ficaria só com a parte da luta de espadas. 

“Natália!”, e eu de novo “Beija-Flor!”.  

Até o Pedro, 4 anos mais novo do que eu, conseguiu notar que eu estava com sérios problemas de audição,  que algo não fazia sentido. Caiu na gargalhada e,  como irmão, é claro, nunca perdeu a chance de divulgar bem essa história.


    


SOFIA


Dando um pulo no tempo, introduzo a personagem mais divertida: SOFIA


Sofia, aos 3 anos, era super interessada em moda, principalmente em sapatos. Além de escolher o que quer vestir e calçar, também adora dar palpites no meu figurino.  Apesar de às vezes desaprovar algumas escolhas, quando (aos olhos dela) acerto o figurino, o comentário costuma ser extremamente convincente:

- Nossa, mãe, que lindaaaaa você está!!!!

Depois dessa não precisa nem olhar no espelho, né?! É só sair de casa se sentindo a Catherine Zeta-Jones!


  


CUIDADO COM O FIGURINO


Sempre me pego pensando de onde a Sofia “puxou” esse interesse por moda, acessórios, esmaltes, enfim, esse lado perua. De mim não foi, apesar de que já me preocupei muito na infância com figurino, quer dizer, não exatamente com o meu...

Eu devia ter uns 5 anos, estava na escolinha Araguaia, que ficava no Morumbi, em São Paulo, e fui “fichada” na diretoria pela primeira vez na minha vida. O motivo? Frequentes desentendimentos com um menino da minha turma. Eu implicava horrores com ele, arranhava e mordia o coitado com frequência. Na sala da diretora, nunca houve uma explicação, da minha parte, pelas agressões ao menino, acho que minha timidez (que era enooooorme na época) não dava espaço ao meu desabafo.

Passados muitos anos, minha mãe contou esse episódio da minha infância para meu marido.  Disse que nunca entendeu minha implicância com o garoto. Então finalmente veio a revelação...

Eu ODIAVA quando aquele pobre menino chegava na escola com um horroroso conjunto de plush cor de vinho. 

O que me deixa tranquila hoje é que pelo menos a Sofia não é tímida como eu sempre fui. Ela fala o que pensa. Se sua roupa estiver horrível ela vai falar, não te bater.



FISCAL DA COMIDA


No quesito comidas, a Sofia não herdou de mim a gulodice infantil. Ela, no máximo, briga por umas balinhas com o irmão. Já eu...

Eu ficava sempre controlando o que todos estavam comendo.
Quando minha avó Lydia fazia almôndegas, eu me dava ao trabalho de ficar contando quantas ainda restavam na travessa. Quando faltava apenas uma, eu falava: “é minha, é minha!”.

Na casa da casa da avó Maria Emília nunca faltou pudim de leite, seu doce favorito. Apesar disso, eu tratava cada pudim como se fosse o último e ficava louca quando havia muitos interessados em comê-lo. 

Certa vez, o famoso pudim estava lá na geladeira. Comi um pedaço e fui brincar. Na volta, nada de pudim! Daí, já viu... encrenca. Sem pestanejar, perguntei para minha avó:

- Quem comeu MEU pudinho?
- Ah, várias pessoas, Aline.
- OS NOMES!!!!!





FUGITIVOS

Como deixar a mãe em pânico:

Sofia e Tomás já tentaram matar a mamãe do coração, usando a mesma técnica.

Quando eu estava grávida de uns 7 meses do Tomás, Sofia, num segundo de distração meu, entrou no elevador de nosso prédio e foi-se embora. Eu só ouvia seu choro ficando cada vez mais longe. Um horror.  Como ela só alcançava o botão da garagem, foi para lá que eu fui o mais rápido possível e a encontrei, ao prantos.

Algum tempo depois, quando o Tomás já tinha um ano e poucos meses, resolveu testar novamente a saúde da mamãe e repetiu o passeio solitário de elevador. Felizmente ele foi fiel à cena original e também foi parar na garagem, de onde foi resgatado, também aos berros.

Esses dois momentos me fizeram lembrar que meu irmão Pedro também teve seu momento de fugitivo na infância.

Estávamos passeando num shopping, eu, ele e minha mãe. Enquanto ela pagava uma compra numa loja, pediu para que eu ficasse de olho no Pedro. E fiquei. Vi direitinho quando ele saiu correndo pelo shopping. Quando ela se deu conta de que eu estava sozinha falou:

- Aline, cadê seu irmão?! Não te pedi pra ficar de olho nele?!!!
- Falou. Eu fiquei. Ele foi por ali – disse eu, apontando para o corredor.

Bom, e lá fomos nós à administração do shopping pedir ajuda. 
Procura, procura, procura. Nada. 
Então, eis que surge um casal vindo de uma sala de cinema, de mãos dadas com Pedrinho. O moleque simplesmente resolveu que iria assistir um filme enquanto fazíamos compras. Entrou no cinema, sentou, mas acabou chamando um pouco de atenção pela pouca idade pra fazer um programa desses sozinho.





AUTORITÁRIAS, NÓS?!

             
O lado negativo da herança genética:


Dia desses fui chamada de canto pela nova professora da Sofia e acabei ouvindo um comentário que causou um certo desconforto.

Segundo a professora, Sofia é uma criança autoritária. Ops! Como assim? Difícil ouvir críticas, ainda mais quando se trata de uma crítica a um filho.

Bom, mas voltei para casa, refleti, no dia seguinte conversei com a professora novamente sobre o tema e cheguei a uma conclusão. Não deixei de herança aos meus pequenos só qualidades. Muito pelo contrário. Sofia, por exemplo, está dando todos os sinais de que poderá ganhar o mesmo apelido que a mãe. Sargento Aline.

Quando meu irmão, Pedro, fez 18 anos teve a feliz notícia de que estava liberado do exército. Não perdeu a oportunidade para dar uma bela justificativa para o fato. 

Para que ir para o exército, se já viveu 18 anos com a irmã?