terça-feira, 10 de setembro de 2019

Pela segunda vez, o Coala me ganhou

A expectativa estava alta depois de minha ida ao festival, em 2018. 

A tristeza, por me dar conta que perdi os 4 primeiros anos  (por onde passaram Caetando Veloso, Criolo, Otto, Silva, Céu, Emicida...), foi motivação suficiente para comprar o "passe coalático", que dá direito aos 2 dias de festival, na pré-venda, "no escuro", sem saber o line-up (programação). Detalhe, comprei no início do ano e o festival acabou de acontecer, nos dia 07 e 08 de setembro. Foram alguns meses com os ingressos na mão sem saber o que eu iria assistir.

Um amigo comentou, ao saber da minha compra: "você é louca!". 

Não, não era loucura. Era a certeza de que a curadoria do festival, feita por Marcus Preto e Gabriel Andrade, não iria me decepcionar. Na semana passada, ao participarem do programa Som a Pino, da Radio Eldorado, os dois contaram como é feita a seleção dos artistas de cada ano. Falaram sobre a importância da coerência de cada escolha e de se analisar a representatividade de cada artista no ano do evento.

Eles entregaram, novamente, o que prometeram. Dois dias de festival com uma programação bastante eclética, muito interessante, misturando o novo e o consagrado e sempre com bastante coerência. Até mesmo o que parecia que não daria certo, como o show do Djonga com Ney Matogrosso na sequência, funcionou. Ao final do ótimo show do rapper, os djs da Discopédia, com vinis de MPB da melhor qualidade conseguiram mudar o clima do Memorial da América Latina em minutos e preparar o público para o que viria a seguir. Mas antes de falar sobre Ney, vou voltar um pouco ao dia anterior.

No sábado os ingressos estavam esgotados, acredito que, principalmente por conta da banda que fecharia a noite, Baiana System. Uma multidão tornou o espaço do Coala intransitável. Claramente (e assustadoramente, para mim, que sou um pouco claustrofóbica) tinha muito mais gente do que no ano anterior. Ao meu ver, estava um pouco além da conta. 

Aos 43 anos, percebi que preciso fazer um planejamento para encarar dois dias de festival. Não adianta achar que vou aguentar 2 dias das 13h às 22h, porque a lombar não permite, o joelho dói e o cansaço dá as caras. Assim, me organizei para chegar às 15:30 e começar minha maratona por Duda Beat. 

Duda faz dançar, faz rir, com carisma e voz potente. Depois de um breve intervalo (sempre ao som de algum dj), foi a vez de Elba Ramalho mostrar toda sua experiência num show ARRASADOR. Com um pique invejável, energia contagiante, Elba dançou o tempo todo, apresentou um super repertório que não deixou ninguém parado. Ao meu lado se formou uma quadrilha de festa junina, com direito a túnel, coreografia. O povo no Coala sabe se divertir!

Eu me joguei com tanta empolgação na energia de Elba (que ainda teve como convidada a ótima Mariana Aydar), que ao final do show eu devia estar um trapo, já que meu marido me surpreendeu com uma pergunta: "você quer ficar meeeesmo pro Baiana System? Por mim, estou satisfeito por hoje. Esse show da Elba foi foda". Fui sincera... já estava bastante satisfeita também e um pouco cansada com a lotação excessiva do Memorial. Nós fomos, há 3 meses, a um show do Baiana. Claro, cada show é único, mas, fui racional, preferi garantir uma dose extra de energia pra ficar até o final no dia seguinte. 

Confesso que não é fácil abrir mão de shows no Coala, porque é a certeza de se estar deixando pra trás boa música, ótimos artistas. Porém, tinha mais no dia seguinte e seguimos no plano de poupar energia.

Felizmente o dia seguinte foi um alívio, uma grata surpresa. Sem a lotação do sábado, sem apertos ou grandes filas, o festival estava exatamente como presenciamos em 2018, bem mais confortável e agradável para passar o dia todo. 

Renovados e animados, começamos a tarde com um show lindo de Chico César e Maria Gadú. Mais tarde, um ótimo momento instrumental, com Letieres Leite e a Orkestra Rumpilezz. Ao final da apresentação, um presente, principalmente para nós que perdemos Baiana System na noite anterior... Russo Passapusso, convidado surpresa, chegou e levantou a plateia de forma impressionante. Em poucos minutos o show, que estava com o público um pouco disperso, era dele. Plateia incendiada para o que viria a seguir.

Nesse clima, a noite continuou com Djonga, seguido por ótima MPB com os djs do Discopédia e, então, ele... Ney Matogrosso.

Nenhum adjetivo é suficiente para falar sobre o show de Ney Matogrosso. Sim, ele continua maravilhoso, seu repertório é sofisticado, a voz sempre impecável e potente. Ney continua carismático e com uma energia fora do comum para um artista que acabou de completar 78 anos!!! É o tipo de show que voa, que quando você percebe já acabou, deixando aquela sensação de que mais 1 hora de show ainda seria pouco.

E assim o Festival Coala 2019 chegou ao fim me dando novamente uma certeza: é imperdível!