terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ipês amarelos

Era uma casa grande, num bairro distante. O que chamava atenção era a bela vista da represa e o jardim que contornava todo o terreno. Lá vivia uma linda mulher, sozinha... mas nem tanto... tinha uma porção de gatos, alguns cachorros e uma grande amiga que trabalhava para ela há muitos anos, uma grande companheira, dedicada e carinhosa.

Nesse cenário cresciam duas árvores. Com galhos finos, pelados quase o ano todo, as árvores não chamavam atenção, muito pelo contrário, aparentavam estarem secas, sem futuro... Porém, eis que a primavera se aproximava... Uma florzinha aqui, outra ali e, do dia pra noite, as árvores ganhavam cor, volume, destaque no jardim.

E nessa época a dona da casa corria pro quintal com sua máquina fotográfica e registrava a beleza da transformação de seus ipês amarelos. A neta, que morava com ela, achava estranha aquela empolgação toda com uma simples árvore, dava risada, achava até meio bobo registrar tudo em fotos...

O tempo passou, aquela linda mulher ficou doente e faleceu há alguns anos, as árvores continuaram crescendo e florindo, só que já não podiam mais ser registradas em fotos pela família, pois a casa foi vendida.

Porém, há muitos outros ipês espalhados por aí... 

Hoje em dia, aquela neta, criança na época, hoje adulta, mãe de dois, observa, parada no trânsito, as flores amarelas colorindo a cidade e, imediatamente, o sorriso da avó ressurge em sua mente, tão real, tão presente. O sorriso mais delicado, mais lindo do mundo, capaz de amenizar qualquer dor, qualquer tristeza, capaz de transformar sentimentos negativos em alegria, capaz de mostrar que às vezes é necessário esperar meses, mas a espera tem tudo para ser recompensadora... cheia de lindas flores amarelas.

A neta (eu) e a avó (Maria Emília)