COMO SURGIU A SUMIGA
Ando
pensando se esse negócio de inventar palavras, trocar letras, fazer releituras
de músicas é algo genético. Não sei como foi a infância dos meus bisavós, avós,
pais, porque não tenho registros., porém, ouvindo relatos da minha infância e
do meu irmão, começo a acreditar que herdamos de alguma forma esse tipo de
característica.
Eu, por
exemplo, era a rainha em trocar o F por S: sumiga, sumaça...
Meu irmão
já tinha um vocabulário troca-letras mais complexo. A palavra que mais marcou
minha infância foi CORVADONA, que era como ele me chamava em momentos de crise
entre nós.
Além da
sumaça e da sumiga, eu repetia com frequência a palavra "dido"
(dedo). E quando, tomei minha primeira mordida de formiga, veio a frase:
“A
sumiga mordeu meu dido”!
Adoro e
achei que cairia bem como título do blog.
LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA
Até hoje me divirto lembrando de uma tarde na Ilhabela, litoral de São Paulo, na casa dos meus avós, quando meu irmão desapareceu por algumas horas (ou minutos, afinal, eu era criança e o tempo era um tanto mal dimensionado, principalmente em momentos de tensão como o sumiço de um irmão).
Quando o Pedro
voltou, com um ar de que não tinha feito nada errado, começou a ser
interrogado pela família aflita.
Onde
estava?
O que
estava fazendo?
Nunca mais
suma assim!
Bláblábáblá
Pedrinho,
tranquilo da vida, até um pouco orgulhoso de seu ato a ser revelado,
respondeu:
”Eu
cimentei a pancainha do vizinho!”, contando em como aproveitou bem o restos da
obra, que o vizinho descuidado deixou no quintal, sem imaginar que uma criança
muito criativa passaria por lá...
APRENDENDO COM A TV
Houve a
fase da repetição do que víamos na TV.
Não me
lembro sobre o que era o comercial, mas dois homens lutavam com espadas e
repetiam: “Canalha!” e outro revidava, “Traidor”. Eu achava aquela luta super
divertida e sugeri para meu irmão para imitarmos. Bem, como mandona que sempre
fui, decidi que eu teria as duas falas e meu irmão ficaria só com a parte da
luta de espadas.
“Natália!”,
e eu de novo “Beija-Flor!”.
Até o
Pedro, 4 anos mais novo do que eu, conseguiu notar que eu estava com sérios problemas
de audição, que algo não fazia sentido. Caiu na gargalhada e, como
irmão, é claro, nunca perdeu a chance de divulgar bem essa história.
SOFIA
Dando um
pulo no tempo, introduzo a personagem mais divertida: SOFIA
Sofia, aos
3 anos, era super interessada em moda, principalmente em sapatos. Além de
escolher o que quer vestir e calçar, também adora dar palpites no meu
figurino. Apesar de às vezes desaprovar algumas escolhas, quando (aos
olhos dela) acerto o figurino, o comentário costuma ser extremamente
convincente:
- Nossa,
mãe, que lindaaaaa você está!!!!
Depois
dessa não precisa nem olhar no espelho, né?! É só sair de casa se sentindo a
Catherine Zeta-Jones!
CUIDADO COM O FIGURINO
Sempre me
pego pensando de onde a Sofia “puxou” esse interesse por moda, acessórios,
esmaltes, enfim, esse lado perua. De mim não foi, apesar de que já me preocupei
muito na infância com figurino, quer dizer, não exatamente com o meu...
Eu devia
ter uns 5 anos, estava na escolinha Araguaia, que ficava no Morumbi, em São
Paulo, e fui “fichada” na diretoria pela primeira vez na minha vida. O motivo?
Frequentes desentendimentos com um menino da minha turma. Eu implicava horrores
com ele, arranhava e mordia o coitado com frequência. Na sala da diretora,
nunca houve uma explicação, da minha parte, pelas agressões ao menino, acho que
minha timidez (que era enooooorme na época) não dava espaço ao meu desabafo.
Passados
muitos anos, minha mãe contou esse episódio da minha infância para meu marido.
Disse que nunca entendeu minha implicância com o garoto. Então finalmente
veio a revelação...
Eu ODIAVA
quando aquele pobre menino chegava na escola com um horroroso conjunto de plush cor de vinho.
O que me
deixa tranquila hoje é que pelo menos a Sofia não é tímida como eu sempre fui.
Ela fala o que pensa. Se sua roupa estiver horrível ela vai falar, não te
bater.
FISCAL DA COMIDA
No quesito
comidas, a Sofia não herdou de mim a gulodice infantil. Ela, no máximo, briga
por umas balinhas com o irmão. Já eu...
Eu ficava
sempre controlando o que todos estavam comendo.
Quando
minha avó Lydia fazia almôndegas, eu me dava ao trabalho de ficar contando
quantas ainda restavam na travessa. Quando faltava apenas uma, eu falava: “é
minha, é minha!”.
Na casa da
casa da avó Maria Emília nunca faltou pudim de leite, seu doce favorito. Apesar
disso, eu tratava cada pudim como se fosse o último e ficava louca quando havia
muitos interessados em comê-lo.
Certa vez,
o famoso pudim estava lá na geladeira. Comi um pedaço e fui brincar. Na volta,
nada de pudim! Daí, já viu... encrenca. Sem pestanejar, perguntei para minha
avó:
- Quem
comeu MEU pudinho?
- Ah,
várias pessoas, Aline.
- OS
NOMES!!!!!
FUGITIVOS
Como
deixar a mãe em pânico:
Sofia e
Tomás já tentaram matar a mamãe do coração, usando a mesma técnica.
Quando eu
estava grávida de uns 7 meses do Tomás, Sofia, num segundo de distração meu,
entrou no elevador de nosso prédio e foi-se embora. Eu só ouvia seu choro
ficando cada vez mais longe. Um horror. Como ela só alcançava o botão da
garagem, foi para lá que eu fui o mais rápido possível e a encontrei, ao
prantos.
Algum
tempo depois, quando o Tomás já tinha um ano e poucos meses, resolveu testar
novamente a saúde da mamãe e repetiu o passeio solitário de elevador.
Felizmente ele foi fiel à cena original e também foi parar na garagem, de onde
foi resgatado, também aos berros.
Esses dois
momentos me fizeram lembrar que meu irmão Pedro também teve seu momento de
fugitivo na infância.
Estávamos
passeando num shopping, eu, ele e minha mãe. Enquanto ela pagava uma compra
numa loja, pediu para que eu ficasse de olho no Pedro. E fiquei. Vi direitinho
quando ele saiu correndo pelo shopping. Quando ela se deu conta de que eu
estava sozinha falou:
- Aline,
cadê seu irmão?! Não te pedi pra ficar de olho nele?!!!
- Falou.
Eu fiquei. Ele foi por ali – disse eu, apontando para o corredor.
Bom, e lá
fomos nós à administração do shopping pedir ajuda.
Procura,
procura, procura. Nada.
Então, eis
que surge um casal vindo de uma sala de cinema, de mãos dadas com Pedrinho. O
moleque simplesmente resolveu que iria assistir um filme enquanto fazíamos
compras. Entrou no cinema, sentou, mas acabou chamando um pouco de atenção pela
pouca idade pra fazer um programa desses sozinho.
AUTORITÁRIAS, NÓS?!
O lado
negativo da herança genética:
Dia desses
fui chamada de canto pela nova professora da Sofia e acabei ouvindo um
comentário que causou um certo desconforto.
Segundo a
professora, Sofia é uma criança autoritária. Ops! Como assim? Difícil ouvir
críticas, ainda mais quando se trata de uma crítica a um filho.
Bom, mas
voltei para casa, refleti, no dia seguinte conversei com a professora novamente
sobre o tema e cheguei a uma conclusão. Não deixei de herança aos meus pequenos
só qualidades. Muito pelo contrário. Sofia, por exemplo, está dando todos os
sinais de que poderá ganhar o mesmo apelido que a mãe. Sargento Aline.
Quando meu
irmão, Pedro, fez 18 anos teve a feliz notícia de que estava liberado do
exército. Não perdeu a oportunidade para dar uma bela justificativa para o
fato.
Para que
ir para o exército, se já viveu 18 anos com a irmã?